Os escravos africanos começaram a chegar às américas por volta do ano 1501

Os primeiros a chegar vieram de fábricas lusitanas, pois Portugal começou o tráfico de escravos apoiando-se nos chefes de algumas tribos costeiras que caçavam e vendiam a membros de outras tribos que consideravam estranhos ou hostis.
Pensa-se que entre 1821–1860 foram trazidos, apenas para Cuba, pelo menos trezentos e cinquenta mil escravos africanos provenientes do sudeste da Nigéria e de toda a Costa dos Escravos, da enorme bacia do Congo à Libéria e à Guiné Francesa.
Pela forma como eles nos influenciaram, os YORUBA foram os mais importantes.
YORUBA é o termo que identifica todos os que falavam a mesma língua, independentemente de não estarem unidos politicamente. Os povos ioruba tiveram um desenvolvimento urbano e artístico importantíssimo, mas a sua influência sobre nós foi exercida através da religião. Suas orixas ou divindades continuam vivas entre nós e formam a REGRA DE OCHA ou Santeria.
Enquanto viveram na África, cada orixá era património de uma determinada aldeia ou região:
Oyó adorava Changó.
No Egbá, Yemayá era adorado.
Em Ekiti e Oridó, Oggún era adorado.
Em Ijebu e Ijosa, Ochun era adorado.
Ainda assim, alguns cultos abrangem toda a região, como o de Obatalá ou o de Oddua, pai fundador de quem todos os governantes yorubas se concideram descendentes. Devo esclarecer que, em quase todos os casos, eram homens que, uma vez mortos, foram divinizados.
Segundo os iorubas, a metamorfose de humano para deus ocorria em momentos de crise emocional, a paixão queimava o corpo físico do indivíduo e apenas permanecia o seu ACHÉ, isto é, a energia pura em forma de poder e, como esta religião está intimamente ligada à família, era necessário que os familiares estabelecessem a BASE ou caçarola que servisse de recipiente dessa energia. É na BASE que as oferendas se rendem.
O orixá, embora seja uma divindade, não deixa de ser um parente, um bem familiar que é transmitido pela linha paterna.
Quando, na época da colónia, o Santo Ofício permitiu nestas terras as festas que eram a forma tradicional de convocar as divindades com o espírito de evitar a rebeldia dos escravos, nunca imaginou que o que testemunhavam era uma elaborada liturgia religiosa. Foi assim que nasceu o sincretismo, quando ao toque de tambores Changó se mimetizou com Santa Bárbara, Babalú Ayé com San Lázaro e assim uma longa lista de outros santos e orichas…

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