Daniel Alves é o grande líder da Seleção na Olimpíada. Sua participação animou Tite para 2022
LUCAS FIGUEIREDO/CBF
41 títulos na carreira.
E está na final da Olimpíada, com o Brasil.
Diante da Espanha.
Será o capitão da Seleção, no sábado.
E vindo a vitória ou até a derrota, ele já é o grande vitorioso no futebol brasileiro, em Tóquio.
Ninguém ganhou jamais como ele no futebol.
Mas, aos 38 anos, seu desejo não era mais uma taça, uma medalha, não.
Ele quer a chance de disputar a Copa do Mundo como uma das estrelas, titulares da Seleção. Situação que jamais viveu. O domínio de Cafu começou em 1998 e terminou em 2006. Em 2010 e 2014, Maicon foi titular.
Em 2018 seria a sua vez. Foi quando, na final da Copa da França de 2018, jogando pelo PSG contra o Les Herbiers, time da Terceira Divisão, ele tropeçou, sozinho, e rompeu os ligamentos cruzados anteriores, do joelho direito.
Beijando o troféu do Paulista. Título favoreceu sua ida para a Olimpíada
RUBENS CHIRI/SÃO PAULO
Era o dia 9 de maio. A cirurgia exigiria seis meses de recuperação. A Copa estava perdida. Com o fracasso na Rússia, Tite deixou claro a Daniel Alves que ele fez muita falta no Mundial. E o jogador garantiu ao técnico que faria tudo para estar, mesmo com 39 anos, na Copa do Mundo do Catar.
Desde então, virou sua obsessão.
O PSG não renovou seu contrato. Foi para a Juventus. Ficou uma temporada e o clube italiano não quis seguir com o jogador. Ele tinha o mercado árabe, o chinês. Ganharia mais dinheiro. Só que optou pelo São Paulo, ‘clube do seu coração’, por conta da Seleção Brasileira. Queria ficar no foco de Tite.
Conseguiu.
Depois que cedeu ao pedido de Hernán Crespo, de atuar como lateral direito. Atuava no meio-campo para se poupar para 2022.
Vivido, ele sabia do esforço para jogar pela lateral do campo. Apoiando e defendendo com intensidade. Foi assim que perdeu a chance de atuar na Copa América de 2021, vencida pela Argentina, no Maracanã.
Mas seguiu firme no tratamento de recuperação. Tinha um objetivo. André Jardine o queria levar para a Olimpíada. E, apesar de a Fifa deixar claro que o São Paulo poderia não cedê-lo, se quisesse, o presidente Julio Casares o liberou, prejudicando o próprio clube, que ficará oito partidas sem seu capitão.
Daniel Alves brincando no voo que levou o Brasil a Tóquio. Líder da Seleção de Jardine
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Casares atendeu ao pedido de Daniel Alves porque o clube deve dinheiro ao atleta. O salário que o ex-presidente do São Paulo, o inseguro Leco, fechou com o lateral é algo inacreditável. R$ 1,5 milhão por mês. Inacreditável porque a dívida do clube já se encaminhava para os R$ 600 milhões.
Leco acreditava que patrocinadores fariam fila para pagar o salário do midiático jogador. Não apareceu ninguém. E o clube teve de responsabilizar sozinho pelo contrato de dois anos e meio, pagando R$ 1,5 milhão a cada 30 dias.
E ele não pensou duas vezes quando Casares o liberou para jogar a Olimpíada. Foi sem olhar para trás. Sabendo que o São Paulo ficaria oito partidas sem o seu futebol.
O título paulista o deixou tranquilo. Sabia que o jejum de nove anos sem títulos no Morumbi havia terminado.
Na Seleção Olímpica, André Jardine o fez capitão do time. E jogador com toda autoridade para orientar a equipe em campo no Japão. O resultado tem sido excelente. Daniel Alves foi o jogador mais comemorado na chegada do Brasil à final do futebol.
“Falta um (jogo). Temos que manter o foco, a concentração. É muito difícil ganhar os jogos enfrentando adversários tão diferentes. Isso exige uma adaptabilidade muito grande. Temos um estafe que controla muito bem isso, que passa as informações, tem dado resultado. Só falta mais um passo”, resumiu, empolgado, após a vitória de ontem, nos pênaltis, contra o México.
Sim, para a Seleção, falta um passo.
Mas para Daniel Alves, não.
Ele sabe o quanto Tite está empolgado com sua participação na Seleção Olímpica. E vai convocá-lo para disputar a Copa do Catar. Basta não se machucar.
O treinador da Seleção principal sabe que esta geração de jogadores é carente de líderes. Ele só queria saber se Daniel Alves renderia, suportaria um torneio com partidas seguidas. Não apenas suportou. Como foi muito bem na lateral. E como capitão de Jardine.
Daniel Alves comemora o seu pênalti contra o México. Capitão e líder do time olímpico
LUCAS FIGUEIREDO/CBF
No São Paulo, Crespo não pôde opinar, mas compreendeu a situação, que também é política. Op presidente Julio Casares também quis ficar bem com a CBF.
A final da Olimpíada será sábado, daqui a três dias, dia sete. Às 8h30 da manhã, horário de Brasília.
Na terça-feira, dia 10, o São Paulo terá um jogo fundamental para a temporada. Contra o Palmeiras, no Morumbi, na primeira partida das quartas-de-final da Libertadores.
Seria ótimo para o time de Crespo ter o seu capitão.
Para confiança e pela qualidade técnica dele, desde que atuando na lateral.
Mas não há essa certeza.
O foco do jogador é ganhar o ouro na Olimpíada.
Contra a Espanha, do Barcelona, que o dispensou.
Seria uma pequena vingança ganhar a medalha no sábado.
Agora, jogar pelo São Paulo, na terça é muito difícil.
Seria um esforço imenso para um jogador de 38 anos.
Mas não há preocupação, tensão, por parte de Daniel Alves.
Sua alegria é comemorar a conquista que alcançou.
Já ganhou a sua disputa.
Tite não tem como deixá-lo de fora da Copa do Catar…