O general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, deixou a sede da Polícia Federal, em Brasília, na tarde de ontem, após 2h30 de depoimento. Lourena Cid foi chamado para falar no inquérito que investiga a venda de joias sauditas dadas ao governo brasileiro no mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. A venda ocorreu nos Estados Unidos.
O ex-presidente ganhou joias e presentes milionários no exercício do mandato, e investigações da PF mostram que os itens começaram a ser negociados nos EUA em junho de 2022. Entre elas estava um kit de joias composto por um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico entregue a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
No entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), esses presentes deveriam ter ido para o acervo do Estado brasileiro, e não ser tratados como bens pessoais. Mauro Cid, filho de Lourena Cid, foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante o mandato e um dos principais assessores do presidente. Ele também é investigado no caso das joias, além de ser investigado em tentativa de golpe de Estado e fraude nos cartões de vacina para beneficiar Bolsonaro.
O fato de as investigações terem chegado até o pai foi uma das motivações para Mauro Cid ter decidido fazer acordo de delação premiada com a Polícia Federal. No acordo, ele conta o que sabe sobre as investigações em troca de ter uma eventual pena reduzida. Cid está preso preventivamente desde a semana passada por ter quebrado medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).