Pantanal tem pior índice de queimadas desde 1998, aponta Inpe

Resgate de animais
Resgate de animais Foto: Gustavo Basso / Agência O Globo

As queimadas que atingem o Pantanal em 2020 são as piores desde 1998, aponta o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O bioma teve o pior setembro de toda a série histórica, com 8.106 focos de incêndio. É quase o triplo do mesmo mês do ano passado, quando 2.887 focos de fogo atraíram atenção internacional e motivaram uma força-tarefa do Corpo de Bombeiros local.

Dados consolidados do Inpe indicam ainda que, faltando três meses para o fim do ano, o acumulado de focos ativos de fogo na região já supera todas as médias anuais desde 1998, quando o levantamento começou a ser realizado.

De janeiro a setembro, foram registrados 18.259 focos de fogo no Pantanal. Mesmo com a expectativa por chuvas na região para atenuar a forte seca, esse número tende a crescer até dezembro. A parcial do Inpe já contabiliza, por larga margem, a maior devastação registrada no bioma em 22 anos. O maior recorde anual havia sido em 2005, quando foram regitrados 12.536 focos.

Na última quarta-feira, em uma audiência publica no Senado, o presidente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Bim, culpou a pandemia da Covid-19 pelo atraso na resposta do governo federal aos incêndios no Pantanal. Bim disse que a crise sanitária foi responsável pela demora do governo na contratação de brigadistas que atuam no combate a incêndios florestais.

A contratação de brigadistas do Ibama em 2020 só foi concluída no final de julho, quando a temporada de queimadas no Pantanal já estava em franca expansão. Em anos anteriores, essa contratação era normalmente concluída entre os meses de abril e junho.

Neste ano, o Ibama contratou 1.485 brigadistas para atuar em todo o Brasil. O número é semelhante ao contratado em 2019 (1.481), mas inferior ao contratado em 2018, quando 1.565 brigadistas foram selecionados pelo Ibama para atuar no combate a incêndios florestais.

Baixa execução

Em agosto, O Globo mostrou que, a despeito das queimadas recordes no Pantanal e também na Amazônia, o Ibama havia gastado, até o dia 30 de julho, apenas 19% de seus recursos previstos para prevenção e controle de incêndios florestais. A lei orçamentária de 2020 destinou R$ 35,5 milhões para que o instituto tomasse iniciativas que poderiam conter o avanço do fogo em ecossistemas, mas somente R$ 6,8 milhões foram investidos nos primeiros sete meses do ano.

Trata-se de um valor muito inferior ao registrado na série histórica. Durante todo o ano de 2016, o Ibama gastou 90,1% dos R$ 43.890.752 previstos para o combate às queimadas em áreas federais. Em seguida, foram 49,6% dos R$ 42.445.604 fixados pela LOA em 2017; 54,4% de R$ 52.301.296 em 2018; e 85,5% dos R$ 44.547.828 previstos no ano passado.

Em maio, o Ibama recebeu R$ 50 milhões não previstos na LOA deste ano para o combate e prevenção às queimadas. O aporte, recuperado pela Operação Lava-Jato em ações envolvendo a Petrobras e direcionado ao instituto após uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, também foi pouco aproveitado pelo governo federal, a despeito das emergências registradas nos dois principais biomas do país. Do montante, apenas R$ 13.016.507 (26%) foram utilizados pelo Ibama.

Ambientalistas alertam que a maioria dos investimentos contra queimadas em florestas deve ser realizado antes da estação seca nos biomas, ou seja, entre abril e junho. Nos meses seguintes, os incêndios proliferam e já não há mais tempo para tomar medidas preventivas.

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