Participante do ‘8 de janeiro’ que morreu na Papuda era baiano e filho de ex-vice-prefeito
Era baiano o detento que morreu após um mal súbito no Complexo da Papuda, em Brasília, na segunda-feira (20). Preso em flagrante, dentro do Senado, por ter participado dos atos antidemocráticos no dia 8 de janeiro, Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, era filho do ex-vice-prefeito de Feira da Mata (1989), no oeste da Bahia, Edson Cunha, e irmão do vereador Cristiano Pereira da Cunha, do mesmo município, mais conhecido como Cristiano do Ramalho.
Segundo documento da Vara de Execuções Penais, Cleriston “teve um mal súbito durante o banho de sol” por volta das 10h de segunda-feira. O Samu e o Corpo de Bombeiros foram acionados, com as equipes chegando ao local às 10h18, mas não tiveram êxito no protocolo de reanimação.
Cleriston, também conhecido como “Clezão do Ramalho”, havia sido denunciado pela suposta prática de diversos crimes, entre eles associação criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.
No último dia 1º de setembro, a Procuradoria Geral da República (PGR) defendeu a aprovação da liberdade provisória de Cleriston, com uso de tornozeleira e outras restrições. Relator dos casos ligados aos atos golpistas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda não havia decidido sobre a manifestação da Procuradoria.
Um documento anexado ao processo do detento no STF afirma que ele recebeu medicação para diabetes, hipertensão e outras doenças no presídio.
Ainda na segunda-feira (20), Moraes solicitou informações da centro de detenção sobre a morte, “inclusive com cópia do prontuário médico e relatório médico dos atendimentos recebidos pelo interno durante a custódia”.
Comorbidades
A defesa de Cleriston anexou ao processo no STF um laudo médico de fevereiro, do Hospital Regional de Taguatinga, afirmando que ele fazia uso de medicações controladas. O relatório médico afirma que “em função da gravidade do quadro clínico, risco de morte pela imunossupressão e infecções, solicitamos agilidade na resolução do processo legal do paciente”.
Conforme registros da Papuda, o baiano recebeu seis atendimentos médicos de janeiro a junho, sendo um deles no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal confirmou a morte por meio de nota: “O reeducando era acompanhado por equipe multidisciplinar da Unidade Básica de Saúde localizada na própria unidade prisional desde a entrada na unidade em 09/01/2023”.
“Hoje, esta mesma equipe de saúde realizou manobras de reanimação assim que constatado o mal súbito até a chegada da equipe do Samu e Bombeiros que foram imediatamente acionados”, diz a mesma nota.
Com informações do jornal Folha de S. Paulo