Permanência de Silveira é derrota de Alcolumbre, que agia em favor de Suarez, o “rei do gás”

Presidente Lula diz que Silveira “é um ministro excepcional” e garante: “ele será mantido”

Davi Alcolumbre e Alexandre Silveira
Davi Alcolumbre e Alexandre Silveira (Foto: Agência Senado | Agência Câmara)
A decisão do presidente Lula (PT) de manter Alexandre Silveira (PSD) no comando do Ministério de Minas e Energia representa uma dura derrota para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Nos bastidores, Alcolumbre se movimentava intensamente para derrubar Silveira e abrir espaço para um aliado, contando com o apoio de setores do Senado e do empresariado, relata Malu Gaspar, do jornal O Globo.

“O Alexandre Silveira é um ministro excepcional. Acho que poucas vezes o Ministério de Minas e Energia teve um ministro da competência, da vontade de brigar, da vontade de lutar por interesses de Minas Gerais. Então posso falar em alto e bom som: ele será mantido ministro. Não há por que mexer em uma coisa que está fazendo uma revolução no setor energético brasileiro e no setor de Minas”, declarou Lula, dissipando quaisquer dúvidas sobre a continuidade de Silveira.

A pressão de Alcolumbre contra Silveira não é apenas política. Envolvidos na disputa estão interesses empresariais bilionários. O senador do Amapá articulava nos bastidores para beneficiar o empresário Carlos Suarez, conhecido como “rei do gás”. Suarez se opõe à aquisição de térmicas da Eletrobras na Amazônia pela Âmbar Energia, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e tenta barrar a operação na Justiça por meio da estatal Cigás, que ele controla.

Desde o início das discussões sobre reforma ministerial, Alcolumbre buscava apoio para convencer Lula a trocar o ministro. No entanto, o presidente sempre resistiu à pressão e, diante da insistência, cogitou até mesmo enquadrar Silveira em sua cota pessoal de ministros, garantindo sua permanência mesmo sem apoio do PSD.

O ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a ser cotado para substituir Silveira no Ministério, mas descartou a ideia. O mineiro, que ainda cogita disputar o governo de Minas Gerais em 2026, avalia que assumir o MME significaria comprar uma briga desnecessária e potencialmente prejudicial com Silveira, tornando-o um “inimigo eterno”.

A relação entre Alcolumbre, Pacheco e Silveira, que um dia foram aliados, azedou ao longo do governo. No início da gestão Lula, os dois senadores apoiaram a indicação de Silveira ao cargo, mas o rompimento veio quando perceberam que ele não seguiria integralmente as diretrizes que esperavam. O resultado foi uma guerra interna que culminou na tentativa de Alcolumbre de derrubá-lo.

Com a decisão de Lula, Silveira sai fortalecido e se consolida como um dos ministros mais influentes do governo, enquanto Alcolumbre sofre um revés significativo em sua capacidade de articulação política em Brasília. Para Suarez e seus aliados, a permanência do ministro representa um obstáculo considerável para seus interesses no setor de gás e energia.

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