Pesquisadores da UFPE comprovam achado de osso de titanossauro na PB

Com 45 centímetros, tíbia foi achada por morador, que colocou fotos na internet, levando pesquisadores ao local

Gabriel Dias
Representação gráfica de titanossauro

Os mistérios que envolvem a permanência de animais pré-históricos no planeta há milhões de anos podem ter, em breve, novas revelações feitas por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Paleontólogos da instituição descobriram um vestígio fóssil de 45 centímetros no sertão da Paraíba, num lugar que já era famoso pela grande incidência de pegadas que seriam de dinossauros. O acontecimento inédito da região, comemorado pelos pesquisadores, pode ajudar a explicar como se deu a evolução dos seres vivos no planeta.

A cidade de Sousa, localizada a cerca de 510 quilômetros do Recife, já era vista com curiosidade por pesquisadores por ser considerada a região com maior incidência de pegadas de dinossauros do mundo. Próximo ao centro do município, inclusive, localiza-se o “Vale dos Dinossauros”, uma unidade de conservação desses vestígios. Em 2014, um morador da região encontrou um pedaço de osso, publicou uma foto nas redes sociais e a equipe pernambucana foi ao encontro do achado.

“Identificamos que era uma tíbia, um osso da perna de um bicho da família dos titanossauros e ficamos muito felizes porque, até então, nunca ninguém havia achado um registro ósseo na região. Essa descoberta é relevante para a Paleontologia pois amplia os horizontes de pesquisas dos especialistas que estudam a fauna do início do Período Cretáceo, que aconteceu entre 145 e 66 milhões de anos atrás”, afirmou a paleontóloga Aline Ghilardi. De acordo com Ghilardi, o osso do “Sousatitan”, como foi apelidado o bicho, seria o mais antigo do período do Brasil.

Segundo a pesquisadora, o achado permite entender a evolução na Terra. “O início do Cretáceo foi uma época em que muitos grandes grupos de dinossauros estavam apenas começando a sua jornada evolutiva. Descobrir mais partes dele pode ajudar a compreender melhor a história evolutiva do grupo”, explicou. Ainda de acordo com ela, a descoberta traz novas expectativas para a região. “Depois de muito tempo sem novos estudos, os olhos dos pesquisadores se voltam novamente para Sousa, provando que muitas localidades tidas como ‘bem conhecidas’, podem ainda nos surpreender”, concluiu.

A coordenadora do Vale dos Dinossauros, Alessandra Nonato, confirma a importância da descoberta. “Aqui já tínhamos pegadas e rochas fossilizadas, mas este é o primeiro osso encontrado. Ainda estamos num processo de organização pois o osso foi entregue à gente e será exposto”, explicou.

Além de pesquisadores da UFPE, a equipe conta com a participação da professora da Universidade do Cabo, na África do Sul, Anusya Chinsamy, especialista em estudo de células fossilizadas. A análise dessas células permitiu descobrir que se tratava de um animal jovem, que ainda não havia atingido a maturidade sexual quando morreu. Amostras dessas células foram enviadas para a África e forneceram detalhes sobre como se dava o crescimento desses animais, que serão, segundo os pesquisadores, investigados “com mais detalhes em um trabalho futuro”.

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