Agentes da Polícia Federal encontraram mais de R$ 43 mil em espécie e mais de 5 mil em moeda estrangeira em um dos endereços alvo de busca e apreensão da operação Déjà Vu na manhã desta sexta-feira. A nova ação também mira policiais civis por envolvimento com tráfico de drogas. Quatro agentes, incluindo um delegado, são suspeitos de desvio de uma apreensão e da venda de 280 quilos de cocaína, caso ocorrido em fevereiro do ano passado.
Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos na manhã desta sexta-feira na capital e em Araruama. As quantias, em espécie, de R$ 43.150 e de $ 5.350 foram encontradas pela equipe da Polícia Federal em uma casa em Vargem Grande, na Zona Oeste do Rio. O imóvel pertence a um dos alvos.
A investigação que culminou na ação desta sexta-feira é um desdobramento da operação da PF que aconteceu em fevereiro do ano passado em cima de uma organização criminosa de tráfico internacional de drogas. Não há mandados de prisão, mas a Justiça determinou o afastamento dos policiais das funções e que eles passem a ser monitorados com tornozeleira eletrônica.
Os alvos são quatro agentes que, segundo as investigações, desviaram parte de uma apreensão de cocaína e venderam a droga quando trabalhavam na 25ª DP (Engenho de Dentro). Os policiais federais monitoravam uma carga de meia tonelada de cocaína que seria exportada em contêineres pelo Porto do Rio. Durante o monitoramento, uma equipe da Polícia Civil abordou, na saída do Complexo da Maré, um caminhão que transportava a droga. O motorista foi preso em flagrante.
Os policiais civis relataram terem retido sete malas com cerca de 220kg de cocaína. Outras 10 malas com 280 kg do entorpecente teriam sido desviadas.
As investigações apuram os crimes de tráfico de drogas, peculato e organização criminosa praticados pelos agentes. Também foi determinado o sequestro patrimonial de quantia equivalente a R$ 5 milhões. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A operação Déjà Vu — expressão francesa que usada quando há a sensação de já ter visto ou vivido uma situação que está acontecendo no presente — é realizada no dia seguinte à operação Drake, que prendeu quatro policiais civis e um advogado também após investigação por tráfico de drogas. Nela, o grupo é suspeito de apreender e vender para criminosos 16 toneladas de maconha no Rio.
Polícia Civil ‘não precisa de babá’
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o novo secretário de Polícia Civil do Rio Marcus Amim afirmou que a instituição “não precisa de babá”. A resposta foi dada ao ser questionado sobre a operação da Polícia Federal, que prendeu quatro policiais civis acusados de apreender e negociar 16 toneladas de maconha com traficantes. A “babá”, segundo ele, seria a própria corregedoria da polícia, que já faz um trabalho de fiscalização e responsabiliza os agentes.
Nesta sexta-feira, assim como no dia anterior, o novo secretário não comentou sobre a operação da PF que tem, como alvo, agentes da Polícia Civil. Presente nas redes sociais, até o momento, Amim compartilhou mensagens o parabenizando pelo novo posto e um pequeno trecho de uma entrevista ao canal SBT em que falou que o “policial que está em desvio de função será pego e preso”. Ontem, o secretário falou, em suas redes sociais, apenas sobre a recuperação, no Rio, das armas do Arsenal de Guerra do Exército, em São Paulo.