Da Folhapress
A Polícia Federal apreendeu nesta terça-feira (15) na casa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante a fase Catilinárias da Operação Lava Jato, dossiês sobre adversários do parlamentar. A reportagem apurou que havia uma cópia da documentação usada pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) para fazer perguntas incômodas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, durante a sabatina para sua recondução ao cargo, em agosto passado.
Na sessão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado que aprovou a recondução de Janot ao cargo, Collor leu uma papelada produzida pela sua assessoria que questionava os motivos pelos quais a PGR (Procuradoria-Geral da República) alugara um imóvel por R$ 67 mil mensais sem o devido alvará e contratara uma empresa de assessoria de comunicação sem licitação.
Também alegou que Janot deu socorro a um irmão que seria suspeito de contravenção. Janot respondeu às dúvidas e teve sua recondução aprovada ao final da sessão. Nesta quarta (16), Janot pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o afastamento de Cunha do cargo de deputado federal.
A defesa do parlamentar disse à reportagem que os dossiês foram sendo entregues a Cunha por “pessoas diversas, ao longo dos anos”, e não representam o cometimento de nenhum crime por parte do deputado. Além dos dossiês, a PF também apreendeu diversas pastas com o brasão da Câmara dos Deputados.
Algumas delas continham textos de medidas provisórias com anotações e cópias de emendas parlamentares. A PF também levou e-mails impressos e cópias de projetos de lei.
A fase Catilinárias da Operação Lava Jato, que cumpriu ordens expedidas pelo ministro do STF Teori Zavascki a pedido da PGR, também apreendeu documentos que a mulher de Cunha, a jornalista Cláudia Cruz, utilizava em sua defesa na Receita Federal em um processo de natureza tributária. A defesa do deputado vai pedir a devolução dos papéis, já que o prazo para apresentação da defesa de Cláudia na Receita irá vencer nos próximos dias.
A defesa também pedirá a devolução de um iPhone do deputado apreendido pela PF, sob alegação de que a memória do aparelho contém as agendas de contatos necessários para o desempenho do mandato parlamentar de Cunha. Além do iPhone, a equipe da PF apreendeu dois celulares BlackBerry, três chips de telefones celulares, dois computadores que integram o patrimônio da Câmara, um HD externo e um pendrive. O material será submetido a análise do INC (Instituto Nacional de Criminalística), vinculado à direção geral da PF, em Brasília.