Pinheiro quer definição do candidato à sucessão de Jaques Wagner
Paciência não parece estar entre as virtudes praticadas pelo senador Walter Pinheiro (PT-BA) nos últimos dias. Aos poucos, o pré-candidato ao governo da Bahia com maior expressão nas urnas nas eleições de 2010 deu sinais claros de desgaste na disputa interna do PT e fez um pedido à própria legenda. “Se não for de maneira tranquila (o processo de escolha), até logo, eu vou embora e continuo cuidando da minha vida, continuo cuidando das minhas tarefas”, alertou Pinheiro.
Na avaliação do senador, é preciso compartilhar a esfera de decisão sobre a sucessão do governador Jaques Wagner com os partidos que compõem a atual coalizão. “Eu acho que a gente tem que ter uma estrutura que divulgue o trabalho, até porque o PT não está sozinho nisso. Nós não construímos nada disso sozinhos”, ressaltou Pinheiro. Para ele, “isso que o PT tenha a possibilidade de escolher o nome para a sucessão do governador Jaques Wagner é lícito”. “Mas os partidos devem participar e, mais que os partidos, o povo. Porque quem vai escolher o governador é o povo. Nós estamos esquecendo do povo”, reclamou o petista durante entrevista à rádio Tudo FM.
Apontado nos bastidores como o pré-candidato com menor simpatia por setores do PT próximos ao Palácio de Ondina, Pinheiro admite que a antecipação não foi adequada. “Quero chamar a atenção para o fato de a gente trazer esse processo eleitoral. Ou melhor, levar esse processo eleitoral para dentro do governo. É um erro. Por isso que dizem: ‘ah, você não é candidato’, ‘não quer ser candidato’. Nós temos uma tarefa a cumprir até 2014, e até 31 de dezembro de 2013 tem um conjunto de obras que precisam iniciar, tanto no governo estadual como no governo federal”, criticou. Indiretamente, ele alfineta dois dos adversários petistas na corrida, os secretários da Casa Civil, Rui Costa, e do Planejamento, José Sérgio Gabrielli.
“Eu não quero ser o candidato da discórdia. Não estou afim. Vai ser prejuízo para qualquer um candidato que saia de um processo arranhado, de disputa. Tem que ter um processo maduro. A conversa não é só pra dentro do PT, tem que ser para os aliados, para fora, com a sociedade”, afirmou Pinheiro.
O senador, no entanto, defendeu o legado do governador. “O governo Jaques Wagner é um grande governo, ampliou diversas rotas na Bahia, desconcentrou a economia, atuou firmemente no processo de desenvolvimento, enxergando o estado como um todo. O que nós queremos é isso. O que você pode fazer daqui para frente para discutir com a população isso”, ponderou. Mas, em seguida, voltou a protestar. “Agora, se alguém precisa o tempo todo usar a máquina do governo para tentar aparecer enquanto nome é porque está faltando alguma coisa. Está errado isso”, atacou. “Eu tenho um mandato que vai até janeiro de 2019. O que eu vou fazer em outubro de 2018, eu também não sei. O que estou discutindo é se a gente tiver condição de costurar. Se não tiver, eu peço muito ao meu partido que me avise. Se não me quer, me avise logo”, avisou Pinheiro. (Fernando Duarte/Tribuna)