O Palácio do Planalto atuou ativamente para conseguir anular a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, na CPI do MST. Ao atender o governo, presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), retirou o requerimento de convocação Costa, que havia sido aprovado pela CPI.
O ministro responsável pela coordenação dos programas de governo dos demais ministérios prestaria depoimento ao colegiado na tarde desta quarta-feira, na semana em que a Casa Civil se prepara para lançar o Novo PAC.
Costa e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, trataram do assunto com Lira durante a visita a Residência Oficial da presidência da Câmara nesta terça-feira (8).
O encontro foi marcado para que os ministros apresentassem o Novo PAC a Lira, mas durante a conversa também trataram da convocação de Costa. O Globo apurou que Lira teria sinalizado aos dois ministros no encontro que entendia como excessiva a decisão de convocar Rui Costa para a CPI.
Na decisão que anulou a convocação, Lira afirmou que “não se demonstrou no requerimento a conexão entre as atribuições do Ministro da Casa Civil da Presidência da República e os fatos investigados pela CPI sobre o MST”.
Em outra frente, a operação do Planalto para desarmar bombas na CPI do MST também incluiu conversas com líderes, especialmente do União Brasil e Republicanos, este último com a ênfase de que está em processo da legenda entrar no governo. Padilha já afirmou publicamente que o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PB) será ministro do governo.
A legenda reivindica o comando do Ministério do Esporte ou de Portos e Aeroportos e aguarda decisão de Lula quanto ao espaço que ocupará no primeiro escalão.
Também houve corpo a corpo da articulação do Planalto para mudar a composição da CPI e evitar novas convocações de ministros. Líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), substituiu dois deputados de oposição por dois nomes de perfil mais moderado, o que alivia o cenário para o governo na CPI.
Os deputados Alfredo Gaspar (AL) e Nicoletti (RR) foram trocados por Carlos Henrique Gaguim (TO) e Damião Feliciano (PB).
Dois deputados do PL entre os mais críticos ao MST também deixaram o colegiado: o suplente Coronel Meira (PE), sustituído por Átila Lira (PP-PI), e a titular Magda Mofatto (GO), que deu lugar a Marreca Filho (Patriota-MA).
Nestes casos, PP e Patriota haviam cedido cadeiras à sigla comandada por Valdemar Costa Neto — em acordo costurado entre o líderes das legendas com a bancada ruralista, já que ambos pertencem à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) —, mas as requisitaram de volta. Ainda no PP, Mário Negromonte (BA) ganhou o lugar de Clarissa Tércio (PE).
Aliados de Rui enxergam na atitude de Lira e Nascimento uma retribuição ao fato do ministro da Casa Civil ter deixado de lado a disputa baiana com Nascimento e buscado aproximação. Após trocarem farpas publicamente, o ministro almoçou com Elmar Nascimento em seu apartamento funcional em 14 de junho, quando ambos combinaram disposição de um entrosamento maior a partir de agora.
Na oportunidade, abriram caminho para aparar arestas e reduzir resistências. Elmar é um dos principais aliados do presidente da Câmara. No entorno de Costa, a decisão foi vista como um gesto de “boa vontade” tanto com ele com o governo.