Um dos alvos da operação deflagrada nesta segunda-feira para prender os envolvidos na execução do advogado Rodrigo Marinho Crespo, no Centro, o PM Leandro Machado da Silva, do 15º BPM (Duque de Caxias), trabalha como segurança de Vinícius Pereira Drumond, vice-presidente da Imperatriz Leopoldinense e filho do falecido contraventor do jogo do bicho Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond. A defesa de Vinícius foi procurada, mas ainda não se manifestou. O policial militar, de 39 anos, também respondeu a processo pela morte de outro homem, na Baixada Fluminense, ocorrida em 2020.
Charles Augusto Ponciano foi executado com 17 tiros durante um churrasco que fazia em casa em 4 de dezembro daquele ano no bairro Jardim Anhangá, em Duque de Caxias. A munição usada no crime teria sido desviada da Polícia Militar.
No caso mais recente, segundo a investigação, Leandro foi o responsável por ter disparado os 15 tiros que mataram o advogado, além de ter sido encarregado por toda a logística do crime. Já Eduardo Sobreira Moraes, o outro alvo da operação, estava à frente da vigilância e do monitoramento da vítima nos dias que antecederam a execução, também de acordo com as investigações.
Próximo ao corpo de Charles agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) apreenderam 11 estojos — a parte do projétil expelida no momento do disparo. Peritos da especializada conseguiram rastrear três deles, de calibre 5,56, compatíveis com fuzis. Os projéteis, produzidos pela Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), fazem parte do lote BQJ03, que foi adquirido pela PM do Rio em 2008, segundo laudo produzido pela DHBF.
A investigação do crime também revela que Ponciano foi assassinado pela milícia porque, meses antes, recebeu a visita de um integrante de uma facção do tráfico, que disputa com os paramilitares o controle da região. Na ocasião, o traficante foi seguido pelos paramilitares até a casa da vítima. A partir daí, Charles estava “marcado para morrer”, segundo relatou uma testemunha aos policiais.
Os atiradores que assassinaram Ponciano fugiram do local numa caminhonete Toyota branca e cometeram outro homicídio em seguida. Edson Nascimento da Silva estava sentado num bar quando foi surpreendido pelos atiradores, que saltaram da caminhonete e atiraram. Ao todo, 22 disparos acertaram a vítima. Dois estojos, de calibre 9mm, encontrados na cena do crime faziam parte do lote AYS86, comprado pelo Exército em 2013. A informação foi passada à Polícia Civil pela CBC, que fabricou a munição.
Silva foi morto porque passou a ser considerado um traidor pelo grupo paramilitar. O homem, segundo uma testemunha, participou da reunião em que ficou definida a execução de Ponciano, a primeira vítima. Silva teria contado a Ponciano sobre o plano para matá-lo, já que os dois eram amigos, e também ficou na mira dos milicianos.
Testemunhas reconheceram o cabo Machado e o soldado Bernardino como os atiradores que mataram as vítimas. Já o cabo Ribeiro foi apontado, em depoimento, como o homem que passou pelo local do segundo crime recolhendo estojos e jogando num riacho próximo. Além dos três PMs, também foi apontado como responsável pelos crimes Uanderson Costa de Souza, outro integrante da milícia que ainda está foragido.
A Polícia Militar afirmou, em nota, que a Corregedoria Geral da Corporação apoia a operação da Polícia Civil com relação ao homicídio do advogado. Segundo a corporação, Leandro Machado já estava afastado do serviço nas ruas por responder a um outro inquérito por participação em organização criminosa, tendo sido preso preventivamente em abril de 2021. A PM frisou ainda que Corregedoria já havia instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar em relação ao policial, que pode culminar com sua exclusão dos quadros da corporação.
O que diz a PM
A Polícia Militar afirmou, em nota, que a Corregedoria Geral da Corporação apoia a operação da Polícia Civil com relação ao homicídio do advogado. Segundo a corporação, Leandro Machado já estava afastado do serviço nas ruas por responder a um outro inquérito por participação em organização criminosa, tendo sido preso preventivamente em abril de 2021. A PM frisou ainda que Corregedoria já havia instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar em relação ao policial, que pode culminar com sua exclusão dos quadros da corporação.
Execução de advogado no Centro do Rio
Na operação desta segunda-feira, no pedido feito à Justiça, Drumond não se tornou um dos alvos nem mesmo de pedido de busca e apreensão, por “inexistir nos autos elementos concretos da ligação de Vinicius Pereira Drumond com o homicídio” do advogado. No trecho seguinte, justifica-se serem “necessárias outras diligências para melhor elucidação de sua coparticipação na autoria do crime”.
Nesta ação que busca elucidar a execução de Rodrigo Marinho Crespo, policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) buscam o PM do 15º BPM (Duque de Caxias) Leandro Machado da Silva, de 39 anos, e Eduardo Sobreira Moraes, de 47. Além dos mandados de prisão, os agentes cumprem mandados de busca e apreensão em endereços ligados a eles, já considerados foragidos.