A possibilidade de falta de combustível na Bahia após as unidades responsáveis pela produção de gasolina e GLP na Refinaria de Mataripe entrarem em “manutenção não-programada”, conforme admite a Acelen, responsável pela operação, causa apreensão nos baianos, que já temem pela falta de combustíveis.
Ao A TARDE, a Acelen admite que o problema nas unidades responsáveis pela produção de gasolina e GLP “reduziu a capacidade produtiva da refinaria”.
Em contraponto, o Sindicombustíveis Bahia emitiu uma nota oficial nesta terça-feira, 23, negando a possibilidade de um desabastecimento de combustíveis e gás de cozinha no estado.
“O Sindicombustíveis Bahia informa que em contato com os postos de combustíveis e com as distribuidoras de combustíveis que atuam no mercado baiano, não identificou a falta ou restrição nos fornecimentos de gasolina e diesel”, diz trecho da nota.
Conforme queixa encaminhada ao Sindipetro-BA, as unidades da Refinaria de Mataripe estão paradas ou apresentando problemas operacionais que teriam sido provocados pelas fortes chuvas na região e por isso, os combustíveis podem acabar faltando no estado.
A denúncia à categoria também detalhou que com a tentativa de retomar a operação, um compressor da Unidade-39 (U-39) apresentou problemas, “impossibilitando o retorno do craqueamento do petróleo (um processo químico que transforma frações de cadeias carbônicas maiores em frações com cadeias carbônicas menores)”.
Já o Sindicombustíveis rechaçou a possibilidade, afirmando que “não há necessidade de falar em desabastecimento”.
A justificativa do Sindicombustíveis é que o mercado do Brasil é de responsabilidade da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e, entre as suas atribuições, está a regulação dos estoques de combustíveis em diversas regiões do país, com total controle para eventual contingenciamento de estoque.
Além disso, esclareceu que o abastecimento de combustíveis não acontece única e exclusivamente através das refinarias e petroquímicas, e que, numa eventual necessidade, existe a possibilidade de importação desses produtos.
Ao A TARDE, o diretor do Sindicombustíveis, Marcelo Travassos, afirmou que a Acelen atua sob compromissos contratuais que a obriga a não chegar a um desabastecimento total. “Qualquer empresa que trabalhe no fornecimento de derivados do petróleo tem compromissos contratuais, assim é uma refinaria. Elas têm diversas opções de fornecimento de produtos. Nesse caso de manutenção programada, que toda refinaria tem, ela pode e deve providenciar no mercado internacional a oferta de produtos para atender a demanda. Temos combustíveis que não são produzidos no Brasil, temos importados também”, explicou.
No domingo, a Acelen afirmou que seu CIM-Centro de Manutenção Integrada, por meio de IA, já responde a ocorrência “de maneira ágil e assertiva, pois permitiu diagnósticos mais precisos e seguros para atuação das equipes de manutenção, que preveem normalização da operação em nove dias”.
O A TARDE entrou em contato com a Acelen, que preferiu não responder sobre as medidas para evitar o desabastecimento de combustíveis na Bahia. Além disso, também não detalhou se os problemas nas unidades de produção foram resolvidos.