Polícia conclui inquérito e indicia 3 PMs por morte de funcionário da Embasa em Salvador

Inquérito já foi enviado ao MP, que pediu novas diligências, segundo a Polícia Civil

Por: Carol Neves, do Correio

Welson Figueiredo Macedo

Welson Figueiredo Macedo Crédito: Reprodução/Redes sociais

O inquérito da Polícia Civil sobre a morte do funcionário terceirizado da Embasa Welson Figueredo Macedo, de 28 anos, foi concluído com indiciamento de três policiais militares, informou nesta quinta-feira (12) a TV Bahia. A Polícia Civil foi procurada e informou que o Ministério Público da Bahia (MP-BA) solicitou novas diligências sobre o caso.

Welson morreu após ser baleado por um policial militar na noite de 9 de julho, no bairro de Castelo Branco, em Salvador. Na época, a Polícia Militar informou que ele teria sido ferido ao trocar tiros com os policiais, mas imagens de câmeras de segurança foram divulgadas recentemente e colocaram essa versão em xeque. As cenas mostram Welson, desarmado, sendo abordado pelos PMs quando estava em uma moto. Ele foi baleado com um tiro nas cos

Foram indiciados os policiais Igor Portugal da Fonseca, Cláudio Alves dos Prazeres Júnior e Rafael Vieira da Silva. O disparo que matou Welson teria partido da arma do PM Igor.

Procurado, o Ministério Público da Bahia informa que o inquérito policial foi encaminhado ao órgão no último dia 9 e agora as informações serão avaliadas pela Promotoria de Justiça, que pode oferecer denúncia criminal ou pedir realização de diligências complementares – o que já aconteceu, segundo a Polícia Civil.

A Polícia Militar informou que em paralelo à investigação, a Corregedoria da PM-BA instaurou uma sindicância para apurar a conduta dos policiais envolvidos e o processo está em fase final, aguardando laudos periciais para sua conclusão. “A PMBA reitera seu compromisso com a transparência e a apuração de qualquer conduta que desvie dos protocolos da corporação, reafirmando seu compromisso com a legalidade e a confiança da sociedade”, diz nota.

Vídeo contestou versão

Welson Figueredo Macedo aparece caído

Welson Figueredo Macedo aparece caído Crédito: Reprodução

Os policiais são lotados na 47ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Pau da Lima). Às 19h52, um deles levanta a moto e coloca no canto da pista. Em seguida, eles mudam a posição de Welson e levantam a sua camisa. Oito minutos depois, uma segunda viatura da 47ª CIPM, que não esteve na ação inicial, chega ao local. Às 19h59 ele foi colocado no carro da segunda equipe. Ele foi levado para o Hospital Eládio Lasserre, onde não resistiu aos ferimentos.

Os vídeos vão de encontro a versão divulgada pela PM, na época, de que Welson morreu durante troca de tiros. Na nota divulgada pela corporação, foi informado agentes da 47ª CIPM faziam rondas na região e verificaram três homens praticando roubos em motocicletas. Ainda segundo a polícia, houve troca de tiros com os suspeitos e um deles foi atingido, sendo encontrado com ele um revólver calibre 38 e ainda munições do mesmo calibre.

O jovem deixou esposa e dois filhos. No sepultamento, parentes contestaram a nota divulgada pela polícia. Um primo da vítima, que não quis se identificar afirmou que encontrou Welson no hospital após ter sido atingido e ele não apresentava lesões características de alguém morto durante uma fuga.

“Welson tinha descido da moto e se rendido. Ele tomou um tiro pelas costas porque, se ele estivesse em fuga como fala, estaria todo ralado, o que não aconteceu. Como você está a 100 km/h fugindo da polícia, toma um tiro e não se rala? Encontrei Welson na maca do hospital e ele não tem um arranhão”, disse.

Ele era funcionário da empresa Bel Cabula, terceirizada da Embasa e retornava para a sua residência, em Fazenda Grande 2, após deixar um colega que morava na região, como fazia todos os dias. No percurso, Welson teria cruzado com os policiais. “Andam com viaturas escrito ‘Pacto pela Vida’, mas deveria mudar para ‘Ceifadores de Vida’ porque essa é a verdade. Mataram meu primo, que chegou no hospital e está sendo tratado como vagabundo. Ele era um trabalhador, olha o tanto de gente aqui para provar”, falou o primo no enterro.

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