Por G1PE – A Polícia Civil de Pernambuco forneceu detalhes, nesta quinta-feira (4), sobre as prisões do presidente e do vice-presidente da torcida organizada do Sport que atacou o ônibus do Fortaleza, em fevereiro, quando o veículo passava pelo Curado, na Zona Oeste do Recife. De acordo com a corporação, eles ordenaram o ataque, que deixou seis jogadores feridos.
Quatro outras pessoas também foram presas durante a Operação Hooligans, da Delegacia de Polícia de Repressão à Intolerância Esportiva (DPRIE), que investiga o ataque — três delas no dia 15 e uma no dia 20 de março.
“Essas pessoas que estão sendo presas agora são as pessoas para a gente fechar realmente a investigação. A gente tinha os executores que estavam no local, mas agora a gente conseguiu realmente levar à prisão quem estava comandando esse ataque, quem deu a ordem”, disse o delegado Raul Carvalho.
Ainda segundo o delegado, embora a investigação aponte para os dois homens como mandantes do ataque, existem dúvidas se eles realmente sabiam que o ônibus se tratava do veículo oficial da delegação cearense. A principal hipótese de investigação é que o veículo tenha sido confundido com o de uma torcida rival.
“É a hipótese mais forte, porque um ataque a um ônibus de delegação é uma situação completamente atípica aqui, não há precedente no nosso estado. […] [Atacar ônibus de torcidas rivais] é uma prática comum no Brasil, […] tem ocorrido aqui em Pernambuco. Há um histórico nesse sentido, por isso que é a hipótese mais forte”, contextualizou.
Embora essa seja a principal linha investigação, ainda não há certeza se os mandantes realmente não sabiam se tratar do ônibus de transporte do time.
“Um ônibus de delegação é completamente diferente de um ônibus de caravana de torcida organizada. Esse é um ponto que a gente vai concluir no momento que finalizar as investigações. […] Eles teriam sim como identificar que era um ônibus da delegação, mas mesmo assim efetuaram o ataque, apontou.
Entre os dois homens presos, um deles possui passagem pela polícia por tentativa de homicídio e associação criminosa, em 2016, e lesão corporal grave, em 2022. Três mandados de prisão ainda não foram cumpridos, segundo o delegado Raul Carvalho.
Relembre o ataque
O ataque aconteceu na madrugada de 22 de março, após o empate entre o Sport e o Fortaleza, que jogaram pela Copa do Nordeste na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.
Quando o ônibus do Fortaleza passava pela BR-232, no bairro do Curado, na Zona Oeste do Recife, a equipe cearense foi surpreendida por pedradas que quebraram as janelas e espalharam estilhaços de vidro no coletivo.
Nas imagens, é possível ver manchas de sangue em alguns dos assentos do veículo.
Segundo o Fortaleza, seis jogadores feridos no ataque foram levados para o Real Hospital Português, localizado no bairro do Paissandu, na área central do Recife. Na unidade de saúde, os atletas receberam cuidados médicos para a retirada de estilhaços de vidro pelo corpo e receberam alta.
As vítimas do ataque foram:
- O goleiro João Ricardo, que ficou ferido com um corte no supercílio;
- O lateral-esquerdo Gonzalo Escobar, que sofreu uma pancada na cabeça, um corte na boca e um outro corte no supercílio;
- O lateral-direito Dudu, os zagueiros Titi e Brítez e o volante Lucas Sasha ficaram feridos por causa dos estilhaços de vidro e tiveram que conter sangramentos.
Nas redes sociais, no dia seguinte ao ataque, o Sport repudiou a violência sofrida pelos jogadores do Fortaleza e afirmou que tais atos “não condizem com a real conduta e comportamento da torcida rubro-negra, tampouco com os valores do clube”.