Uma torcedora que preferiu não se identificar relatou à TV Record os acontecimentos, afirmando que sofreu uma grave lesão no braço.
“Em todo um boletim de ocorrência, eles falaram que não era necessário, que foi um acidente. Porém, eu não vi acidente nenhum ali. Disseram que o policial deve ter tomado um susto, mas ele já estava mal-intencionado. Porque, quando a gente chegou lá, não chegamos perto da viatura. A gente não ia fazer bagunça, até porque havia uma grande concentração de crianças e pais de família ali. A gente não ia arrumar briga. Disseram que era briga entre rivais, mas os nossos rivais nem estavam presentes”, falou ela.
Ainda segundo a torcedora, a situação escalou após ela ser ferida. “O pessoal que acabou jogando a latinha de cerveja jogou depois de ver o meu ferimento e também de ver que eles feriram uma criança. O pessoal se revoltou porque ele também negou ajuda. Ele só chegou mais para trás da viatura e ficou lá, de cara feia para todo mundo. Ele ameaçou realmente atirar de novo, mais uma vez depois de já ter atirado. O pessoal se afastou, e acho que o tiro chegou a pegar no menino. No vídeo dá pra ver ele se abaixando para a bala não pegar, mas acho que acabou atingindo ele também.”
Outro torcedor relatou ter sido atingido três vezes nas costas enquanto passava pelo local. Imagens fortes dos seus ferimentos circulam nas redes sociais.
“Fui atingido três vezes nas costas. Eu estava passando no momento da confusão, a gente foi chegando naquela euforia do time, né? Com a situação, e, de repente, nem vi de onde veio. Acabei sendo atingido. Só percebi na hora que tinha um rapaz. Disseram que a gente chegou brigando, mas não teve nada disso. O rapaz tropeçou no cone e caiu. Uma PFem ainda chegou a ajudar ele a levantar”, relatou.
O torcedor também questionou a agressividade da ação policial: “Estou à base de remédios, tomando medicação. E a chateação que fica é: por quê? Por que tanta agressividade? Por que tanta truculência na hora da ação? Não houve algo grave, não houve confusão ou briga. Ele poderia ter utilizado o poder que tem para procurar saber o que estava acontecendo.”
Em suas redes sociais, a Torcida Organizada Bamor repudiou o ocorrido e acusou o policial envolvido de ter ligações com uma torcida organizada do Vitória. Também publicou uma foto em que um homem vestido com o fardamento dessa organizada seria o policial.
“A Torcida Bamor vem a público manifestar seu total repúdio aos atos de despreparo e abuso de autoridade cometidos por um soldado da Polícia Militar da Bahia. Na ocasião, foram realizados diversos disparos de balas de borracha, sem qualquer justificativa, atingindo mulheres, crianças e torcedores que estavam apenas desfrutando de um momento de lazer.”
“Ressaltamos que o responsável por essa atitude arbitrária é o SD lotado na 2ª CIPM. E é de conhecimento público que o referido policial mantém vínculos com uma torcida organizada ligada ao esporte clube vitoria e, repetidamente, tem se utilizado de sua posição para práticas covardes. A truculência contra torcedores não é apenas um atentado contra a integridade física, mas também contra o direito de ir e vir.”
A organizada também solicitou câmeras de segurança para comprovar a versão dos torcedores e pediu providências para responsabilização do policial.
“Diante dos lamentáveis episódios de violência ocorridos nos arredores do estádio, reforçamos nosso pedido ao Comando Geral da Polícia Militar para que solicite, com máxima urgência, as imagens das câmeras de segurança da região. Esses registros serão fundamentais para comprovar que, ao contrário das alegações de tumulto, o que aconteceu foi uma ação desproporcional e desonrosa por parte de alguns policiais militares”, diz a nota.
A Polícia Militar também se pronunciou sobre o ocorrido. Veja nota na íntegra.
“Na tarde de domingo, 8, policiais militares da 2ª CIPM realizavam patrulhamento na Ladeira da Fonte e, durante a passagem de membros de uma torcida organizada, indivíduos arremessaram objetos e garrafas de vidro contra a guarnição, que precisou utilizar munição de menor potencial ofensivo para fazer a dispersão. Em seguida, os policiais foram procurados por uma adolescente, que informou ter sido ferida no braço, sendo encaminhada para uma unidade de saúde da região, onde recebeu atendimento médico e depois foi liberada.”
A Polícia Militar da Bahia (PMBA) informa que o fato será apurado pela Corregedoria da corporação, visando esclarecer todos os procedimentos adotados na ocasião. A PMBA reafirma seu compromisso com uma atuação técnica, sempre baseada na legalidade e no respeito aos direitos fundamentais. Eventuais condutas que não estejam alinhadas a esses princípios são apuradas com rigor e transparência.”