Política educacional ainda carrega as sequelas deixadas pela ditadura

Ampliaram as vagas sem melhorar o ensino

Disciplina de inglês foi instituída como obrigatória, apesar das nações vizinhas falarem espanhol

Carolina Leão
Andrea Rego Barros/Arquivo Folha

Para Weber, modelo americano deu condições para que as universidades se profissionalizassem

A modernização da educação veio com o investimento do capital estrangeiro. Com o acordo MEC-USAID (United States Agency for Internacional Development), de 1964, o ensino brasileiro passou por uma reforma financiada pela cooperação norte-americana. A disciplina de inglês foi instituída como obrigatória, apesar das nações vizinhas falarem espanhol, e o curso primário e ginasial se fundirem, diminuindo o número de anos que os alunos passavam na escola. O objetivo era o mais claro possível: formar trabalhadores para ingressar no emprego formal e não cidadãos preparados. As consequências do modelo podem ser vistas até hoje. “Houve a expansão de ensino na escola pública. Mas uma expansão quantitativa. Não havia concurso. A formação dos educadores era técnica, não teórica. Isso gerou uma sequela terrível em nosso sistema”, acredita André Ferreira, da UFPE.

Silke Weber aponta, contraditoriamente, uma herança positiva do golpe. A Reforma Universitária, apesar de inspirada em modelo americano, conseguiu estabelecer o ensino de pesquisa e extensão das universidades brasileiras. “Ele deu condições para que a universidade se profissionalizasse, que se institucionalizasse a pesquisa como produção de conhecimento, mediante a consolidação de programas de pós-graduações”, declara.

Por outro lado, acredita Silke, foi na Ditadura que se iniciou a privatização de faculdades, tendência que se mantém até hoje e que impõe uma lógica perversa: o pobre estuda em escolas públicas a vida inteira e praticamente não tem chance de ingressar numa universidade pública. Já o rico, paga a escola privada para entrar numa universidade pública.

 

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