Por que a maconha aumenta a fome? Estudos desvendam mecanismo da “larica” no cérebro

Pesquisas revelam que a Cannabis ativa neurônios que normalmente suprimem a fome, provocando o aumento do apetite mesmo quando o indivíduo está saciado

Maconha
Maconha – Foto: Unplush
São comuns os relatos de usuários sobre um aumento na sensação de fome após o uso da maconha, droga extraída da planta Cannabis sativa. Nos Estados Unidos, por exemplo, esse fenômeno recebe o nome de “munchies”, enquanto, no Brasil, é chamado da famosa “larica”. Mas por que a maconha desperta o apetite? É o que diversos pesquisadores têm buscado desvendar nos últimos anos.

Uma das primeiras evidências mais consistentes foi publicada ainda em 2015 na revista científica Nature. Analisando camundongos, os cientistas da Universidade de Yale, nos EUA, identificaram uma relação do consumo da droga com a ação de neurônios no cérebro que, de forma surpreendente, normalmente estão envolvidos na supressão do apetite.

“Ao observar como o centro de apetite do cérebro responde à maconha, pudemos ver o que impulsiona a fome provocada pela cannabis e como o mesmo mecanismo que normalmente desativa a alimentação se torna um impulsionador após o uso da droga”, explicou na época o autor do trabalho Tamas Horvath, professor de Neurobiologia da universidade, em comunicado.

“É como apertar os freios de um carro e, em vez disso, o veículo acelerar. Ficamos surpresos ao descobrir que os neurônios que pensávamos ser responsáveis por interromper a alimentação estavam sendo ativados repentinamente e promovendo a fome, mesmo quando o indivíduo já estava saciado. Isso engana o sistema central de alimentação do cérebro”, continuou.

Os neurônios em questão são chamados de pró-opiomelanocortina (POMC). Mais recentemente, em 2024, cientistas da Universidade Estadual de Washington observaram que há também um outro mecanismo envolvido. No novo estudo, publicado no periódico Scientific Reports, eles observaram que a Cannabis atuou num outro conjunto de células no hipotálamo de camundongo.

Essas células, por sua vez, reduziram a inibição de neurônios do peptídeo relacionado à agouti (AgRP), que são conhecidos por promover a fome. Com isso, eles tiveram sua ação aumentada e, consequentemente, a fome. Além disso, tanto a ação nos AgRP, como nos POMC, foram mediadas pelo receptor canabinoide 1 (CB1R), um dos receptores no corpo humano que são ativados pela Cannabis.

 

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