Prefeito do interior baiano é detido por desacato

Alean Rodrigues

  • O prefeito procurou a redação do A TARDE para contar sua versão - Foto: Luiz Tito | Ag. A TARDE | 16.11.2015

O prefeito da cidade de Antônio Cardoso (a 140 km de Salvador), Felicíssimo Paulino dos Santos Filho (PDT), de 61 anos, foi detido na tarde de domingo, 15, após uma abordagem policial no centro de Feira de Santana. Ele foi acusado por policiais militares de desacato e ao chegar na delegacia se constatou que ele estava a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida desde 30 de novembro 2011. O fato foi registrado no Complexo de Delegacias e após prestar depoimento Felicíssimo foi liberado.

De acordo com o major Florisvaldo Ribeiro, oficial que atendeu a ocorrência, o prefeito trafegava em um veículo Corolla pela contramão nas proximidades da Praça da Bandeira e policiais da 64ª Companhia Independente da Polícia Militar o seguiram até a Rua Marechal Deodoro, onde foi abordado e teria se negado a descer do veículo, apresentar a documentação e deixar que os policiais revistassem o carro.

“Ele xingou os policiais com palavras de baixo calão. Como houve a resistência, o comandante da viatura acionou o coordenador da companhia que estava de plantão e também foi xingado e não obteve êxito, então o tenente me acionou como oficial de plantão”, explicou.

Ao chegar no local, ainda segundo o major Ribeiro, o prefeito apresentava estar bastante agressivo e depois de muita conversa ele apresentou a documentação do veículo e deixou que o carro fosse revistado. “Como houve o desacato aos policiais, ele foi comunicado que estava preso por desacato e seria encaminhado à delegacia. Ele tentou resistir, mas conseguimos convencê-lo”, afirmou o oficial.

O prefeito foi levado de viatura para a delegacia, onde lá se constatou, ainda segundo o oficial, que o mesmo estava com a CNH vencida há 3 anos. “Mesmo diante da situação ele não parava de ofender os policiais. Somos agentes do estado e temos o dever de fiscalizar e dá segurança aos cidadãos. O que houve no caso dele foi uma abordagem, normal, mas ele desacatou os policiais e isto não podemos aceitar”, informou.

O prefeito Felicíssimo Paulino esteve na redação de A TARDE e contestou as informações prestadas pelo oficial da Policia Militar. Primeiro ele falou da CNH, que realmente está vencida e que não costuma dirigir e sim faz uso do serviço de um motorista particular. Ele disse que estava se dirigindo para uma propriedade na zona rural de Antônio Cardoso, levando uns pintos e que ao chegar na avenida Getúlio Vargas notou que as aves estavam morrendo, então resolveu dar uma contramão para chegar mais rápido a um posto e dar água aos animais.

“Neste momento ouvi a sirene da viatura, parei e desci do carro com as mãos para o alto. Eles me mandaram colocar a mão na cabeça e informei que não faria isto pois era uma pessoa direita e não um bandido. Me identifiquei como prefeito e ouvi do comandante da equipe que politico era corrupto, ladrão e vagabundo e eu respondi que da mesma forma que a corporação dele também tinha este tipo de gente”, contou.

Ele lembra que os policiais acionaram o tenente de plantão, que ao chegar no local sequer o deixou falar e o acusou de ter desacatado os policiais. “Ele gritou dizendo que não queria saber se eu era prefeito e eu disse que da mesma forma não queria saber se ele era tenente, neste intervalo chamaram o major, que ao chegar já me deu voz de prisão por desacato e disse que eu era prefeito para as minhas negas e não para ele. Fui forçado a entrar na viatura e ameaçado em todo o percusso”, alegou.

Apresentando laudos médicos e cópia da ocorrência o prefeito acusa o major de tê-lo agredido fisicamente dentro da delegacia. “Ele apertou meu pescoço enquanto os seus comandados me seguravam. Os policiais civis foi que amenizaram a situação. A prova está aí no relatório do médico que diz trauma causado por esganadura. Ele parece que estava sob efeito de álcool ou tem algum problema psiquiátrico pois só gritava e estava agressivo”, disse.

Felicíssimo Paulino informou que irá levar o caso a corregedoria da Polícia Militar, a OAB e ao Ministério Público. “E entrarei com uma ação criminal contra o major Ribeiro que me agrediu. Assumo meu erro de ter dado a contramão e estar com a CNH vencida, mas não justifica ter sido agredido verbalmente e fisicamente por estes policiais que envergonham a corporação. Não tenho medo e nem vergonha de nada. Isto eu deixo bem claro”, destacou.

O major Ribeiro nega qualquer tipo de agressão física ou verbal dos policiais militares ao prefeito. “A abordagem foi feita dentro da lei e jamais qualquer policial que estava nma situação tocou fisicamente nele. Até pelo fato dele estar bastante agressivo. Não é conduta nossa este tipo de ação”, garantiu.

O coordenador da 1ª Coorpin, delegado João Uzzum limitou-se a dizer que todos os envolvidos prestaram depoimento e que foi feito uma Termo Circunstanciado que será remetido ao Tribunal de Justiça, uma vez que o prefeito tem prerrogativa de foro.

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