Por André Beltrão
Cenas de uma agressão praticada por guardas municipais de Caruaru contra um ambulante, no Parque 18 de Maio, causaram grande revolta no último fim de semana. Diante da ação truculenta contra um trabalhador humilde que tentava vender suas mercadorias em uma área considerada proibida para essa atividade, pessoas foram para as redes sociais para criticar as condutas da prefeitura de Rodrigo Pinheiro (PSDB). Eles compararam com a falta de “pulso” para coibir infrações urbanas nas áreas mais nobres da cidade.
No Instragram, Rivaldo Soares postou um vídeo e mostrou que a casa de show de um ex-secretário municipal e atual integrante do governo do estado fechou uma rua para ampliar a área do palco sem ser “importunada” pelos agentes do controle urbano. Isso é um exemplo claro de “dois pesos e duas medidas”, segundo ele.
“Em Caruaru, o prefeito segue a cartilha bolsonarista: cacete nos pobres e benesses para os riscos”, escreveu.
As imagens feitas por frequentadores do Parque 18 de Maio, área de comércio popular em Caruaru, mostram homens da guarda municipal usando a força para retirar da rua a carroça do camelô, que estava cheia de frutas.
É possível observar profissionais do controle urbano, de colete verde, removendo o material e colocando em uma caminhonete. Para desespero de colegas e familiares do ambulante, os homens da Secretaria de Ordem Pública levaram tudo para um depósito.
No mesmo vídeo, é apresentado um problema que vem acontecendo desde abril, no bairro Maurício de Nassau, reduto de moradores de alto poder aquisitivo. Na área, a casa de shows Gonzagão, que pertence a André Teixeira Filho, tomou conta de uma rua.
Andrezinho, como ele é conhecido, foi secretário de Desenvolvimento Econômico município e atualmente ocupa o cargo de Presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe).
Para ampliar o palco, essa via foi fechada pela empresa, que tem pareceria com o grupo do Aposta Ganha. Tudo isso a menos de 200 metros de um hospital.
Para piorar, o controle urbano tem ignorado esse fato. “Tudo interditado para um evento. Mas a guarda não vem aqui para bater no dono do empreendimento”, afirmou Soares.
Para quem acompanhou os casos na internet, é possível fazer um resumo da situação. “O rico pode até interditar um a rua e o pobre não pode vender suas frutas no parque.
“O governo é para ricos. Ele está aprendendo com os que passaram. É uma prática que deve mudar. Não podemos mais aceitar isso”, declarou o radialista.
Nos comentários da postagem, internautas também demonstraram a revolta com as duas situações distintas. “Vamos sair do ar-condicionado e trabalhar contra a bandalheira”, escreveu um deles. Sobre a agressão, esses foram alguns comentários: “Foi muito triste” e “Muito bravo com isso”.
Teve gente também que se lembrou de outros casos de truculência da guarda municipal. Em 2022, um grupo de profissionais da segurança da cidade quase atropelou um pedestre, que estava passando na faixa, e depois partiu para a agressão física.
Um vídeo divulgado na época, mostra um homem de camisa preta atravessando uma rua. Uma viatura da guarda passa e, por pouco, não bate nele.
O cidadão levanta o braço e reclama. O carro da guarda estaciona imediatamente e integrantes da corporação partem para cima do cidadão, que é jogado no chão e imobilizado com muita força.
Prefeito
No Instagram, o prefeito Rodrigo Pinheiro falou sobre a ação truculenta dos guardas contra o camelô, no Parque 18 de Maio, no fim de semana. Ele disse que a prefeitura vai adotar medidas. “Atualizaremos procedimentos para evitar que situações como aquela aconteçam”.
O gestor disse, ainda, que a prefeitura “vai seguir o trabalho para que o cidadão seja sempre bem acolhido e tenha sua integridade física mantida, assim como os servidores públicos”.
Diante desse pronunciamento, os internautas não perdoaram. Foram feitas várias críticas ao prefeito. “Guardas despreparados. Comida sendo jogada no chão. Cidadão impedido de levar alimento para casa”, escreveu um homem. “Tem que devolver o carrinho e pagar o prejuízo do rapaz”, disse um internauta. Outra pessoa sintetizou o sentimento de muita gente, diante dos fatos.
“Falou muito e não falou nada. Deveria ter se posicionado como chefe do Executivo. Deveria se desculpar com o cidadão, vítima de uma abordagem cruel”.
O deputado Fernando Rodolfo (PL) bordou o assunto, pelas redes sociais. Disse que “depois de 24 horas calado sobre o lamentável episódio a feira de frutas e verduras de Caruaru, o prefeito não aguentou a pressão e resolveu falar. Falou, falou, mas não disse nada. Sequer um pedido de desculpas.”