O miliciano Luis Antonio da Silva Braga, conhecido como Zinho, foi preso após negociações no último domingo, dia 24, véspera de Natal. Atualmente, está isolado em uma cela de 6 metros quadrados, em uma área reservada do presídio Bangu 1, onde também estão outros 11 milicianos. Neste momento, segundo a polícia, Zinho não tem acesso a banho de sol, e suas refeições são servidas no próprio local.
O GLOBO preparou um infográfico que mostra detalhes do interior da cela onde Zinho está preso. Veja abaixo:
Na área onde Zinho está detido, também está Taillon de Alcântara Pereira Barbosa. Acusado de chefiar a milícia de Rio das Pedras, Taillon era alvo de traficantes que executaram, por engano, o médico Perseu Ribeiro de Almeida, com outros dois colegas, em um quiosque, na Barra da Tijuca, no início de outubro.
Zinho se apresentou a agentes da Delegacia de Repressão a Drogas (DRE) e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas (Gise), ambos da PF, na Superintendência Regional da corporação, na Praça Mauá, região central do Rio. Após ser preso, o miliciano foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. Depois do cumprimento de formalidades, seguiu para o presídio Bangu1, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste da capital.
Quem é Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho?
A prisão de Zinho ocorreu seis dias após a PF e o Ministério Público do Estado do Rio (MP/RJ) realizarem a Operação Batismo, que tinha como alvos o miliciano e a deputada estadual Lucinha (PSD). Segundo as investigações, a parlamentar era chamada de “madrinha” pelo criminoso. Durante a ação, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa (Alerj).
De acordo com fontes da PF, a decisão de Zinho de se entregar seria para tentar continuar com seus negócios criminosos e conter danos. A ação que mirou Lucinha, ainda segundo essas fontes, teria representado um revés para o grupo paramilitar chefiado por ele. A advogada do miliciano teria procurado a Polícia Federal logo após a Operação Batismo.
Antes de assumir o controle da milícia — que age principalmente na Zona Oeste do Rio —, Zinho era homem de confiança de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, que era chefe da quadrilha. O bandido era encarregado da contabilidade e da lavagem do dinheiro oriundo das atividades ilegais. Com a morte de Ecko durante uma operação policial, em junho de 2021, Zinho assumiu o controle do grupo paramilitar.
Atualmente, a milícia de Zinho tem como maior rival o grupo de Danilo Dias Lima, o Tandera — ex-aliado de Ecko que rompeu com ele em dezembro de 2020. Desde então, as duas quadrilhas travam um violento confronto na disputa por territórios que deixou um rastro de mortes. O confronto atingiu o ápice em setembro de 2021, quando — por ordem de Tandera — várias vans foram incendiadas na Zona Oeste, prática que continuou nos meses seguintes.