Por Lauro Jardim, de O Globo – Há no MPF uma expectativa de que o julgamento sobre o caso Robinho logo mais no STJ se encerre ainda hoje. E não só: membros da instituição acreditam que um mandado de prisão já poderia ser expedido, caso o tribunal reconheça a decisão da Justiça italiana que condenou o ex-jogador a nove anos de cadeia por estupro coletivo.
Embora preguem cautela, procuradores ouvidos sob reserva não creem que haverá pedido de vista (mais tempo para análise) diante da repercussão do caso. A tendência é que o relator, ministro Francisco Falcão, vote pela homologação da pena e seja acompanhado pela maioria dos 15 ministros da Corte Especial.
Um desses procuradores lembra que o julgamento de Robinho acontece pouco depois de Daniel Alves ser condenado também por estupro na Espanha, o que aumenta a pressão sobre o Brasil.
Em seu parecer, a PGR defendeu que Robinho cumpra a pena no país. Para o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, a transferência da execução respeita a proibição de extraditar brasileiros natos ao mesmo tempo em que reforça o compromisso de cooperação jurídica assumido com a Itália.
A defesa do ex-jogador tenta ao menos que o desfecho do julgamento seja adiado e aposta em um decreto de 1993 sobre cooperação entre Brasil e Itália, conforme mostrou a coluna de Malu Gaspar. Os advogados de Robinho também sustentam que a pena não pode ser simplesmente homologada e executada. Especialistas na área discordam e entendem que existem os requisitos necessários.
Em entrevista à Record, Robinho alegou que foi vítima de racismo no julgamento na Itália. Segundo integrantes do MPF, não passa de “desespero” e “retórica”, uma vez que não veem elementos para embasar tal afirmação.
Caso o mandado de prisão seja expedido após o julgamento, a esperança de Robinho não ficar detido está na possibilidade de seus advogados recorrerem.