Produção industrial cai 3,5% em dezembro, a maior queda em 5 anos
No acumulado de 2013, produção subiu 1,2%, informou o IBGE; resultado veio menor do que a estimativa dos analistas
Daniela Amorim
O ano começou bem para a indústria, mas terminou mal. A produção industrial registrou queda de 3,5% em dezembro em relação a novembro, na série com ajuste sazonal. O recuo representa o segundo resultado negativo consecutivo do indicador e a maior queda da série desde dezembro de 2008 (-12,2%). Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) e vieram bem abaixo da expectativa dos analistas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado no ano de 2013, a atividade industrial cresceu 1,2% frente a igual período do ano anterior. Em 2012, a produção havia caído 2,5% e em 2011 tinha apresentado ligeira variação positiva de 0,4%.
O IBGE informou que o setor industrial teve expansão no ano passado devido sobretudo ao crescimento de 2,1% registrado no primeiro semestre do ano. O segundo semestre registrou alta de apenas 0,3%.
A queda de 3,5% em dezembro surpreendeu negativamente os analistas ouvidos pelaAgência Estado, que previam recuo entre 0,80% e 2,50%. Em relação a dezembro de 2012, a produção recuou 2,3%. Nesta comparação, as estimativas variavam de queda de 1,90% a crescimento de 1,60%. Já no acumulado de 2013, que ficou em 1,2%, as previsões variavam de alta de 1,30% a avanço de 1,63%.
Férias coletivas. Para o IBGE, as paralisações de linhas de produção para férias coletivas puxaram o resultado negativo da indústria em dezembro. Na atual pesquisa, 1.300 empresas justificaram uma redução na produção em dezembro com férias coletivas, contra 1.100 no mesmo mês de 2012. Em novembro de 2013, 250 empresas tinham atribuído o recuo a esse mesmo fator.
“Para efeito de comparação, em dezembro de 2010, apenas 500 empresas deram como justificativa a concessão de férias coletivas para a redução na produção”, afirmou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
No caso de veículos automotores, cuja queda de 17,5% em dezembro ante novembro foi a mais impactada pelas paralisações, há excesso de estoque. “Claro que essas paralisações não são por acaso. O setor de veículos automotores está com estoque maior que o desejado. Isso atinge não só a produção de automóveis, mas também a de caminhões e toda a cadeia”, disse Macedo. O gerente do IBGE creditou a estocagem maior à menor demanda dos consumidores, restrição ao crédito, juros mais altos, altos níveis de inadimplência e comprometimento maior da renda das famílias.
Bens de capital. A produção da indústria de bens de capital caiu 11,6% em dezembro ante novembro. Na comparação com dezembro de 2012, o indicador mostra alta de 1,8%. Já em 2013, houve alta de 13,3% na produção de bens de capital.
Em relação aos bens de consumo, a pesquisa registrou queda de 2,5% na passagem de novembro para dezembro. Na comparação com dezembro de 2012, houve recuo de 3,2%. No acumulado de 2013, por sua vez, a queda foi de 0,2%.
Na categoria de bens de consumo duráveis, o mês de dezembro registrou queda de 3,0% ante novembro, e recuo de 3,5% em relação a dezembro de 2012. O resultado de 2013 foi de avanço de 0,7%.
Entre os bens de consumo semi e não duráveis, houve redução de 2,3% em dezembro ante novembro, e recuo de 3,1% na comparação com dezembro de 2012. O resultado fechado de 2013 foi de queda de 0,5%.
Para os bens intermediários, o IBGE informou que a produção recuou 3,9% em dezembro ante novembro, e diminuiu 2,0% em relação a dezembro de 2012. No fechado do ano passado, a categoria registrou estabilidade (0,0%) na produção.
Revisões para baixo. O IBGE revisou a produção industrial de novembro ante outubro, de uma queda de 0,2% para um recuo de 0,6%. A taxa de outubro ante setembro também foi revista, passando de uma alta de 0,6% para um avanço 0,3%. O resultado de setembro ante agosto saiu de 0,6% para 0,5%, enquanto a taxa de agosto ante julho saiu de 0,2% para 0,1%.
A produção de bens de capital também foi revisada, passando de -2,6% em novembro ante outubro para -3,5%. A taxa de outubro ante setembro saiu de 0,2% para 0,1%. Já o resultado de setembro ante agosto foi revisto de 3,8% para 3,7%.
Fonte: Agência Estado