Professor é peça fundamental no estímulo a jovens cientistas

Docentes inspiram estudantes com histórias sobre como iniciaram suas jornadas científicas

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Assim como os estudantes, que ganham destaque em toda a Bahia com projetos premiados, seus professores também compartilham histórias inspiradoras de como iniciaram suas caminhadas na vida científica. É o caso de Pachiele Cabral, biomédica e professora do Centro Territorial de Educação Profissional de Araci.

Fundadora do Clube de Ciências da escola, Pachiele conta que sua entrada para o mundo da ciência não só inspira, mas emociona quem tem a oportunidade de ouvir seu depoimento. “Durante a graduação, descobri o diagnóstico do meu filho, que é autista”, lembra.

“A partir desse diagnóstico, me tornei uma pesquisadora nata sobre o autismo, já que há 16 anos não se falava sobre autismo como se fala hoje. Naturalmente, comecei minha vida na ciência, não diretamente na universidade, como gostaria, mas por causa do meu filho.”

As dificuldades enfrentadas por uma criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) levaram a mãe a dedicar horas e horas em pesquisa sobre o tema.

“Meu filho sempre foi o primeiro autista nos locais que frequentamos”, relata a professora.

“Acabei me tornando uma pesquisadora, pois as pessoas desconheciam o autismo naquela época. Eu tive de ensinar muitos profissionais de saúde sobre o autismo e quem era meu filho. Também precisei ensinar nas escolas, já que ele sempre era o primeiro aluno autista diagnosticado.”

Professora da rede estadual desde 1998, Margarete Correia encoraja seus alunos a resolverem problemas do cotidiano durante as aulas de química. Atualmente no Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Tecnologia da Informação Álvaro Melo Vieira, em Ilhéus, Margarete já orientou mais de 100 projetos científicos, muitos em parceria com a professora Elisa Massena, da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Para Margarete, a vontade de aprender e explorar novas ideias é fundamental na pesquisa. “Estimulo meus alunos a se dedicarem a projetos inovadores, destacando a importância de resolver problemas que os incomodam e afetam suas comunidades”, conta.

“Também trago ex-alunos para compartilhar suas experiências e relatar como a participação em projetos de pesquisa científica transformou suas perspectivas sobre o ambiente e suas próprias vidas. Esses depoimentos ajudam a inspirar e motivar os estudantes, mostrando o impacto positivo e as oportunidades que a educação científica pode proporcionar.”

No Colégio Estadual Antônio Batista, em Candiba, não é diferente. William Oliveira é um dos docentes que trabalham com jovens cientistas. Ao longo da carreira, o professor orientou 50 projetos. Ele conta que sempre foi curioso, o que o estimulou na pesquisa científica que hoje transmite aos seus alunos.

Incentivo

“Temos uma equipe de professores engajada e ciente da importância da iniciação científica para a formação do aluno”, destaca. “Assim, tudo fica mais fácil e os resultados começam a aparecer. Durante as aulas, os discentes são constantemente indagados a analisar e criar meios para solucionar problemas que afligem a sociedade. Como consequência, os projetos surgem de maneira espontânea.”

A vontade de mudar a realidade de suas comunidades é um dos sentimentos que move grande parte dos jovens cientistas baianos. Na medida em que deixa de perceber o campo científico como um espaço exclusivo de mentes geniais, a juventude ocupa esses espaços com esforço e comprometimento. Com suas histórias de dedicação, esses jovens inspiram outros jovens a ingressarem em um campo cercado de inovação e empreendedorismo.

A estudante Joice Kelly que, junto com colegas, criou, em Candiba, uma pomada de ervas medicinais para animais, reforça que é possível chegar aonde se quer com foco e determinação. “Eu não sabia que era capaz”, conta. “Basta ter força de vontade, ter foco e acreditar no seu potencial, porque não necessariamente precisa ser um projeto revolucionário. Pode ser uma pesquisa, uma coisa que tenha relevância social também, que, com certeza, vai atingir lugares que a gente jamais imaginaria.”

Iran Pereira, um dos estudantes de Ilhéus que desenvolveu um inseticida usando folha de mandioca, acredita que todos podem inovar a partir da ciência. Para ele, o importante para o jovem é não se limitar.

“A gente tem essa coisa de achar que não consegue fazer, mas isso não passa de limitação da sua mente”, avalia. “Se você realmente quiser levar seu projeto de pesquisa adiante, com certeza você vai conseguir e daqui uns dias vai apresentar em feiras internacionais, assim como eu apresentei.”

Para entusiasmar outros jovens a entrarem no mundo da ciência, especialmente na robótica, a estudante de Camaçari Ana Carolina Balbino enfatiza que é preciso ser persistente. “Se por acaso der errado ou não funcionar como esperado, garanto que o aprendizado já vai ter valido a pena, afinal fazer ciência e desbravar ideias nem sempre vai estar relacionado com obter sucesso imediato”, relata.

“Como dizia o próprio Thomas Edison, inventor da lâmpada incandescente: eu não falhei – apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionam.”

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