Professora acusa colega de profissão de chamá-la de ‘preta feia’ e ‘macaca’

Marcia foi alvo de ofensas por parte de uma colega de profissão de um colégio de Campo Grande.
Marcia foi alvo de ofensas por parte de uma colega de profissão de um colégio de Campo Grande
Pedro Willmersdorf

A professora Marcia Andrea Vasconcellos, de 45 anos, acusa uma colega de trabalho por tê-la ofendido com termos racistas, como “preta feia” e “macaca”. O incidente teria ocorrido no mês passado, durante uma visita da diretora-geral (que está sob licença médica) do colégio em que Marcia trabalha. O fato ganhou força nas redes sociais no último final de semana.

— Já estava no fim do meu turno, quando ouvi uma gritaria vindo de uma sala ao lado. Esta professora estava discutindo com a diretora, pois queria trabalhar por mais horas na escola, sendo que a grade de docentes para 2016 já estava fechada. Me meti na história e encaminhei a diretora a uma outra sala. A professora, então, foi até onde estávamos, e reiniciou a série de ofensas, agora me incluindo também — relata Marcia, que leciona no Colégio Estadual Professora Jeanette de Souza Coelho Mannarino, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio.

De acordo com o relato feito por Marcia ao EXTRA, a professora acusada a teria chamado também de “sapatão”, além de ofender outros professores que estavam na escola, naquele momento. Um áudio, gravado pela diretora-adjunta e postado no Facebook pela sobrinha de Marcia, flagrou um trecho da confusão. É possível ouvir a agressora se dirigindo aos colegas de trabalho com xingamentos.

Indignada, Marcia acionou a Polícia Militar, que não chegou a tempo de deter a acusada. Posteriormente, a professora foi à 35² Delegacia de Polícia, onde foi feito o registro de ocorrência. Marcia pretende acionar a agressora tanto administrativamente quanto pela Justiça comum.

— Fiz uma denúncia na Coordenadoria Regional Metropolitana IV, onde será aberta uma sindicância. Todos os demais professores que estavam presentes toparam prestar depoimentos como testemunhas. Caso seja confirmada a infração, ela será processada administrativamente — informa Marcia.

Marcia, ao lado do marido: indignação com o ocorrido; segundo a professora, serão tomadas medidas legais.
Marcia, ao lado do marido: indignação com o ocorrido; segundo a professora, serão tomadas medidas legais. Foto: Reprodução/Facebook

Ainda segundo a professora, a docente seria reincidente na postura preconceituosa e agressiva.

— Depois das postagens no Facebook, outros professores me mandaram mensagens revelando que já tinham sido agredidos por ela. Uma mulher, inclusive, teria sido atingida fisicamente. Todos ele não tiveram coragem de denunciá-la antes, mas agora aceitaram ser minhas testemunhas — comenta.

Com 21 anos de magistrado e trabalhando no CE Jeanette de Souza Coelho Mannarino desde 2008, Marcia confessa nunca ter sido alvo de preconceito.

— Fiquei muito assustada. Tenho certeza que foi Deus o responsável pela minha calma naquele momento. Caso eu a ofendesse, tenho certeza de que me agrediria. Eu só conseguia pensar: estamos de volta à colonização? Ela me parecia uma filha da colonização — desabafa.

Em nota oficial enviada ao EXTRA, a Secretaria Estadual de Educação informa que o caso está sendo investigado. Leia:

“A Secretaria de Estado de Educação esclarece que os fatos já estão sendo averiguados, e que um processo de sindicância será instaurado para apurar a denúncia e tomar as medidas necessárias cabíveis.

A Seeduc ressalta que repudia quaisquer formas de preconceito e discriminação”

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