Proteção dispensada a Cunha é um escárnio, diz professora da USP
Rede Brasi Atual – Depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marca para uma segunda-feira, 12 de setembro, a votação em plenário da cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em ato flagrante para beneficiar o aliado, vozes de protesto surgem para denunciar o golpe e o retrocesso no país. Uma delas, a socióloga com especialização no campo da Ciência Política e do Direito e professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Victoria Benevides, considera a proteção dispensada a Cunha como “um escárnio em relação à ideia da política como busca do bem comum”.
Em um contexto em que o impeachment de Dilma Rousseff é dado como favas contadas no Senado, a condescendência com Cunha causa ainda mais revolta, como se o país fosse de fato uma plêiade de zombaria. “Esse caso é um exemplo trágico de a que ponto chegou a política brasileira, no que ela tem de mais arraigado, de compadrio, de fisiologismo, de falsidade em todos os sentidos de não representação democrática do interesse da maioria do povo”, afirma a professora.
Maria Victoria Benevides é uma das referências do pensamento progressista no país. Fundadora do PT e conselheira do Instituto Lula, ela tem se manifestado contra o projeto Escola sem Partido, que em sua visão exclui o pensamento crítico e o pluralismo de ideias e modos de ser. A professora defende que a abordagem dos direitos humanos seja uma prática transversal nas escolas, presentes não apenas em todas as disciplinas, mas em todos relacionamentos, com base nos valores da liberdade, igualdade, tolerância, diversidade e democracia.
Ela se posiciona contrariamente aos setores conservadores que apoiam o governo interino de Michel Temer e imaginam que o Senado porá fim à crise política. Ela diz que o impeachment está longe de resolver a questão. “O impeachment não vai solucionar a crise política, e esse governo não terá realmente condições de enfrentar de maneira positiva os problemas econômicos”, disse ontem (12) à RBA.