PSB cresce nas eleições municipais e sonha com a disputa de 2018
Foram eleitos, por ora, 414 prefeitos, quando, em 2012, saíram vitoriosos 443 candidatos em municípios de menor porte. Mas naquela época, a legenda tinha nomes de muito peso, como os dos ex-governadores do Ceará Ciro Gomes e de Pernambuco Eduardo Campos. Campos morreu em acidente aéreo às vésperas das eleições de 2014, quando era candidato à Presidência da República.
Ciro Gomes migrou para o PDT, em 2013, levando com ele dezenas de prefeitos. O número de prefeituras controladas caiu para 404, em função de sua saída da sigla. Por isso, levando em conta o quadro atual, o resultado é considerado positivo e houve ganho substancial. O presidente do partido, Carlos Siqueira, contou que a recuperação do espaço foi possível, mesmo lançando menos candidatos do que na eleição anterior.
O número de vereadores cresceu em relação a 2012, passando de 3.556 para 3.637. Na contabilidade, ainda entram 387 vice-prefeitos com as mais diversas alianças. Mas a aproximação partidária que tem se revelado mais vantajosa é com o PSDB, traduzida no desempenho em dois dos maiores colégios eleitorais do país. Em São Paulo, onde o socialista Marcio França, é o vice do governador Geraldo Alckmim, houve vitória em 41 cidades ante as 30 de 2012, sendo a de Campinas a mais festejada, em função da força de seus 850 mil eleitores.
Em Belo Horizonte, o empresário Paulo Brant, que acabou desistindo da disputa da prefeitura da capital temendo condenação administrativa, foi secretário de Cultura no governo de Aécio Neves. Mas a relação com o PSDB no estado contribuiu para o crescimento de 31 para 47 administrações municipais.
Já na Paraíba, o crescimento vertiginoso de 35 para 53 prefeituras é atribuída à liderança do governador socialista Ricardo Coutinho, ex-aliado do tucano Cassio Cunha Lima, a quem derrotou em 2014, se reelegendo. Coutinho já comandou também a prefeitura da capital, João Pessoa.
Ao se colocar no grupo de legendas tidas mais à esquerda, o partido acredita ter espaço para crescer ainda muito entre eleitores menos conservadores. Com o encolhimento do PT, que garantiu apenas 256 cidades, e do PDT, 334, o PSB está no topo da lista entre as legendas que se intitulam como progressistas. E deixa mais para trás, o PPS, com 118 municípios, e o PCdoB, com 80.
A expectativa é aumentar ainda mais a participação da legenda com as disputas no segundo turno. O PSB briga para conquistar três capitais: Goiânia, Recife e Aracaju, além das cidades de Olinda, Niterói, Petrópolis, Guarujá, Guarulhos e Mauá.
Sucessão
O presidente do PSB tem dito que setores do partido desejam abrigar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, em 2018. Isso poderia ocorrer na hipótese de o governador de São Paulo não encontrar espaço em sua própria legenda, e prevalecer, por exemplo, o nome do senador Aécio Neves, que preside o PSDB. A campanha vitoriosa do afilhado político de Alckmin, João Doria, para a capital mais importante do país, no entanto, fortalece o nome do governador dentro do próprio partido.
“Isso é coisa para discutir mais à frente”, despista Siqueira, que, em entrevista ao Correio, defende candidatura própria em 2018, embora não tenha ainda um nome natural. “Muita água ainda vai rolar até lá”, afirmou. O objetivo, segundo ele, no momento é dar atenção aos eleitores descontentes, insatisfeitos com o cenário político, o que foi demosntrado nas urnas pelo grande número de abstenções e de votos nulos e brancos. “O recado foi muito claro. Há uma necessidade de qualificar a atividade política” afirmou.
Os mais jovens são o principal alvo do PSB, no momento. “Queremos dar vez e voz a essa militância e investir nas redes sociais, criando um canal de comunicação para estimular o diálogo e a transparência”, explicou Siqueira.