PSB pode implodir
As reformas que tramitam no Congresso estão servindo de pano de fundo para agudizar a crise no PSB e ao mesmo tempo antecipar a disputa interna pelo comando do partido, cuja mudança na executiva nacional está marcada para outubro. Carlos Siqueira, atual presidente, quer ir à reeleição. Ele representa o grupamento pernambucano, que perde força para a ala paulista do vice-governador de SP, Márcio França.
Na votação da reforma trabalhista, semana passada, a líder na Câmara, Tereza Cristina (MT), na foto ao lado, eleita pela força de Márcio França, com o apoio do grupo do senador pernambucano Fernando Bezerra Filho e seu filho, o ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, passou por cima da decisão da executiva nacional, que havia fechado questão contra o projeto do Governo. Em plenário, ela liberou a bancada, que deu 14 votos à reforma trabalhista entre os 30 deputados.
A postura da líder pode ter um preço caro. Na última sexta-feira, ainda sob o impacto da aprovação da reforma trabalhista, segmentos sociais do PSB entraram com uma representação pedindo destituição dela. Como Tereza não integra o grupo de Siqueira, evidentemente que não lhe restava alternativa: remeteu imediatamente para o Conselho de Ética e deve trabalhar, nos bastidores, a degola.
Tudo isso está acontecendo no partido porque a ala pernambucana percebeu que se não agir tende a perder o controle da legenda para o grupo do vice-governador de São Paulo, Márcio França. Este, ao contrário de Carlos Siqueira e deputados da bancada com origem no arraesismo, defende que o PSB se alie ao PSDB nas eleições presidenciais de 2018.
Se o candidato tucano vier a ser o governador de SP, Geraldo Alckmin, França assume o Governo do mais importante Estado da Federação, reforçando e tanto o partido em nível nacional. Mas não é o que deseja Carlos Siqueira nem tampouco os deputados Tadeu Alencar, Danilo Cabral, Gonzaga Patriota, Creuza Pereira, Severino Ninho e Marinaldo Rosendo, além de Felipe Carreras, que embora licenciado, tem influência na bancada.
Estes representam o núcleo pernambucano, que ganhou uma dissidência sob o comando do senador Fernando Bezerra e seu filho, deputado Fernando Filho, também licenciado, respondendo pelo Ministério de Minas e Energia. Fernando atraiu o deputado João Fernando Coutinho e pode reforçar seu grupo com o deputado Marinaldo Rosendo.
Visto como provável governador de São Paulo, Márcio França é o nome mais natural do grupo dissidente para disputar a presidência do PSB, em outubro passado. Como elegeu Tereza Cristina e a orientou para liberar a bancada na votação da reforma trabalhista, França vai entrar de corpo e alma nos bastidores para evitar a destituição da líder. Se conseguir, mostrará que quem tem a força no partido, hoje, é ele e não mais a corrente pernambucana. (Magno Martins)