PT repete com Cabral o comportamento de Campos com Dilma

Pois é… O PT vai mesmo cair fora do governo do estado do Rio. Curioso, não? Faz com Sérgio Cabral, de maneira muitas vezes piorada, o que acusa o PSB de Eduardo Campos de ter feito com o Dilma Rousseff. Assim como os pessebistas eram da base do governo federal e tinham cargos na Esplanada dos Ministérios, os petistas eram na base de Cabral e têm cargos no governo do Estado. Mas há, também, algumas diferenças.

O rompimento de Campos com o governo Dilma se deu em setembro do ano passado. O PT esperou um pouco mais. Sabem como é… Mas essa é a diferença menor. A maior é outra. O PSB não sabotou politicamente o governo Dilma. Todos sabiam da intenção do governador de Pernambuco de se lançar candidato, mas, em nenhum momento, se viu o partido numa campanha de desestabilização do governo.

O PT, obviamente, é de outra natureza, né? Integrou o aluvião que foi às ruas para satanizar o antes adoradíssimo — também pela imprensa carioca — governador do Rio. Até abril do ano passado, Cabral era confundido com um homem sem mácula. Sobreviveu até à dancinha do lenço, que foi tomada apenas como campanha de difamação promovida por Anthony Garotinho. Mas aí chegou o famigerado junho.

O, digamos assim, establishment de opinião pró-Cabral preferiu aderir à voz das ruas — o calor do povo parece ter levado algumas consciências à flor da pele… E o governador ficou silenciando sozinho. Era “fora Cabral” para todo lado, com grupos mobilizados pela extrema esquerda, por Garotinho e, ora, ora, pelo… PT.

O senador Lindbergh Farias (PT) vinha há muito ensaiando a sua candidatura, mas o núcleo duro do PT nunca se mostrou muito sensível. O brizolismo e seus descendentes políticos nunca permitiram que o PT do Rio ganhasse musculatura. Lula sempre usou o partido ali para seus arranjos. A legenda cresceu e ficou mais robusta em razão dos cargos que manteve, ao longo de sete anos, no governo estadual e que mantém na Prefeitura.

Agora o PT acha que já dá pé. Se a candidatura própria parecia uma realidade distante quando Cabral surfava lá nas alturas, hoje, ele está na areia, e os petistas acham que, então, é hora de dar um chute no ex-aliado. Vai dar certo? Sei lá eu. Pezão, o vice-governador, será candidato pelo PMDB. Garotinho (PR) também vai concorrer. O senador Crivella (PRB) está pensando. E os petistas terão Lindbergh.

Os petistas publicaram em sua página no Facebook um texto chamando Eduardo Campos de traidor. Na relação com Cabral, os petistas são o quê? Convenham: quando ainda era o queridinho da imprensa carioca, o homem foi o mais espalhafatoso cabo eleitoral da então candidata Dilma Rousseff.

Por Reinaldo Azevedo

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