“Quando a esquerda promete pouco, ela perde a capacidade de mobilizar as massas”, diz Alysson Mascaro

O professor também afirmou que o fascismo é sempre uma margem de segurança para o capitalismo, em entrevista a Hildegard Angel

Alysson Mascaro
Alysson Mascaro (Foto: Reprodução Youtube)

Neste sábado, a jornalista Hildegard Angel, da TV 247, entrevistou o professor e filósofo Alysson Mascaro, da Universidade de São Paulo, em uma conversa esclarecedora e provocativa. Durante a entrevista, Mascaro discutiu uma série de temas cruciais relacionados à política, à sociedade e à luta de classes, oferecendo perspectivas profundas e incisivas sobre o atual cenário político brasileiro e global.

Mascaro começou a entrevista lançando uma crítica contundente às estruturas de poder global, afirmando que “as burguesias do mundo se estruturam para a exploração do trabalhador e da sociedade”. Ele argumentou que essas elites controlam não apenas os recursos econômicos, mas também as forças armadas, as forças de repressão e os aparelhos ideológicos, consolidando assim seu domínio sobre a sociedade como um todo.

Uma das afirmações mais intrigantes de Mascaro foi sobre o papel do Direito ao longo da história recente do Brasil. Ele apontou que o Direito não conseguiu proteger a democracia em momentos críticos, como o golpe militar de 1964 e o golpe parlamentar de 2016, destacando o absurdo da invenção do “crime da pedalada fiscal” como exemplo. Essa crítica levanta questões profundas sobre o estado de direito no país e a maneira como as instituições podem ser manipuladas para servir aos interesses de determinados grupos.

A discussão se voltou para o papel da mídia na formação da opinião pública. Mascaro questionou por que o povo frequentemente recebe uma “ração de informação” que parece contradizer seus próprios interesses, sugerindo que a influência da mídia sobre a consciência pública é uma questão crítica a ser enfrentada.

Um dos pontos-chave destacados por Mascaro foi a importância das massas na transformação social. Ele argumentou que o elemento decisivo para desencadear essa transformação está na mobilização popular, enfatizando que não são apenas boas políticas públicas que podem resolver os problemas sociais, mas sim a ideologia por trás dessas políticas.

Mascaro também abordou a dinâmica política entre esquerda e direita. Ele observou que quando a esquerda promete pouco, ela perde a capacidade de mobilizar as massas, enquanto a direita muitas vezes se beneficia ao se apresentar como contrária ao sistema, mobilizando assim seu eleitorado. Além disso, ele ressaltou que a esquerda que defende a ordem e as instituições também não consegue mobilizar as massas da mesma forma que a direita populista.

Por fim, Mascaro fez uma observação contundente sobre a relação entre o fascismo e o capitalismo, afirmando que o fascismo serve como uma “margem de segurança” para o capitalismo, destacando as complexas interações entre ideologia política e interesses econômicos. Assista:

 

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