Quase ministro, pitbull de Temer esconde bens à Justiça
Juliana Sofia – Folha de S.Paulo
Uma trupe de deputados da base governista decidiu retaliar o governo e não compareceu ao jantar no Palácio da Alvorada destinado ao recrutamento de votos para a reforma da Previdência. Os 50 faltosos quiseram deixar clara e pública a insatisfação com o recuo do presidente Michel Temer na escolha de Carlos Marun (PMDB-MS) para a Secretaria de Governo.
Marun virou um quase ministro. Só não tomou posse porque o PSDB se irritou com o vazamento da nomeação para a vaga do tucano Antonio Imbassahy, o que freou a troca. Se não fizer ou falar asneiras, o peemedebista deixará o quase para tornar-se ministro de fato até dezembro.
Asneira não é algo que o deputado enjeite. O repórter Ranier Bragon revelou que a declaração de bens de Marun à Justiça Eleitoral é um chiste. Nas eleições de 2004, o candidato não dispunha de um vintém a declarar. De lá para cá, sua variação patrimonial é risível para os cargos que ocupou —vereador, deputado estadual duas vezes e deputado federal.
“A partir de um certo momento, o meu patrimônio familiar passou a fazer parte do Imposto de Renda da minha mulher, porque ela começou a ficar com medo de eu vender casa, vender cachorro, vender filho por causa da política”, explicou. Na realidade, confessa ter dois escritórios, carro e uma casa de R$ 1 milhão.
Pitbull na defesa de Michel Temer, Marun encantou a nação com a “dancinha da segunda denúncia”. Durante a votação que derrubou a acusação contra o presidente, ele rebolou, bateu palmas e cantou “Tudo está no seu lugar” para comemorar a vitória. Relator da CPI da JBS, o deputado confidenciou à comissão ter testemunhado uma fala desesperada de Temer em maio: “Não renunciarei! Repito: não renunciarei!”
Em dezembro de 2016, Marun usou verba da Câmara para fazer uma “visita natalina” a seu chefe-mor, o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. O quase ministro precisou devolver o dinheiro público.