O PT chegará rachado ao V Congresso Nacional do partido que se realizará em Salvador (BA) entre os dias 11 e 13 de junho próximo.
É que uma facção do partido apoia as medidas de ajuste fiscal da presidente Dilma Rousseff e outra é radicalmente contra, chamando-as de “Plano Levy”, alusão ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Pelas reuniões preparatórias que estão se realizando no Brasil inteiro (Pernambuco já faz a sua), presume-se que o Congresso de Salvador será o mais desanimado da história do partido, que passa no momento por sua pior crise.
Prova disto é o que declarou em São Paulo, neste sábado (23), durante encontro estadual do partido, Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República desde o primeiro governo do presidente Lula. Confira:
I) Estamos com direções frágeis em todos os níveis. Qual a elaboração que o partido tem hoje? Ou isso aqui aconteceu a despeito da direção?.
II) Quando digo que tem, a essa hora, petistas e ex-petistas reunidos em outros lugares, discutindo e discutindo coisas sérias, significa também que a institucionalidade (do partido) está fragilizada”.
III) A liderança melhora se a institucionalidade for fortalecida não de forma burocrática, mas de forma substantiva. Mais debate. O PT sempre foi o partido do debate. Vocês inclusive, da imprensa, criticavam que tinha debate demais, eu acho que nos últimos anos houve debate de menos”.
IV) Como fundador e alguém que militou durante 35 anos nesse partido, quero dizer o seguinte: nunca vi uma reunião do PT tão esvaziada quanto essa, em que se anunciou que o Lula viria (Lula confirmou presença e depois desmarcou). No passado, as pessoas disputavam o crachá para estar aqui presente.
V) Há a absoluta convicção de que encerramos um ciclo importante da nossa história. Nós vivíamos um momento de ganha-ganha. Todos podiam ganhar- os trabalhadores, os pobres, as classes médias, até os industriais e banqueiros. Havia um reordenamento da economia brasileira que permitia que todos ganhassem. Acabou. Não há mais essa possibilidade.
VI) É ilusório pensar que quem saiu da situação de miséria, de pobreza, vai se ajoelhar diante do PT e agradecer. Eles passam a ter novas demandas, novas reivindicações.
VII) As classes dominantes estão em clara ruptura conosco e, se não tomarmos cuidado, parte da nossa base social histórica também estará. Temos que propor, no imediato, que essas correções que estão sendo feitas do ponto de vista fiscal possam efetivamente permitir que daqui a alguns meses nós estejamos com este problema resolvido e que possamos aplicar políticas que são aquelas que vão garantir ao segundo governo Dilma uma qualidade, uma força, uma transformação importante.