Opinião
Na composição do Secretariado, em dezembro de 2022, a governadora Raquel Lyra (PSDB) estufou o peito para ressaltar e enfatizar que na sua gestão o espaço da mulher era ponto de honra na sua equipe pelo fato de ser a primeira representante do sexo feminino a subir as escadarias do Palácio do Campo das Princesas como chefe de Estado.
Das 29 secretarias, 11 foram ocupadas por mulheres, o correspondente a 38% da fatia do poder. O tempo, entretanto, foi se encarregando de mostrar que tudo não passava da mais pura e oportunista retórica. A primeira a perder sua pasta para um homem foi a delegada Carla Patrícia, amiga e colega da governadora na Polícia Federal, nomeada para a Secretaria de Defesa Social.
No lugar dela, assumiu Alessandro Carvalho, que já havia ocupado o mesmo cargo na era Eduardo Campos. A seguir, saiu Lucinha Mota, supostamente para assumir a vaga de vereadora em Petrolina como suplente. Deixou a Justiça, sendo também sucedida, interinamente, por um homem – Flávio Oliveira. As mudanças que se seguiram no ajuste do Secretariado atingiram mais mulheres.
Carolina Cabral, embora remanejada para Projetos Estratégicos, perdeu a Secretaria de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas para um homem – Carlos Eduardo Braga Farias. Mais na frente, a própria Carolina, que havia sido remanejada, foi demitida da Secretaria de Projetos Estratégicos, substituída por outro homem – Rodrigo Ribeiro de Queiroz.
Por fim, há dez dias, a governadora detonou mais uma mulher do seu primeiro escalão, a então secretária de Educação, Ivoneide Dantas, representante do bolsonarismo na equipe da tucana por indicação do presidente estadual do PL, o ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira. Em seu lugar, caiu de paraquedas mais um homem, desta feita importado de São Paulo, o professor Alexandre Schneider, apadrinhado pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
OS QUE ANDAM COM GPS – Um detalhe intrigante no secretariado de Raquel: dos 29 escolhidos, seis (21%) são importados de outros Estados e 12% (41% do total da equipe) representam a chamada República de Caruaru (atuaram na gestão dela como prefeita). Vieram de outros Estados Ismênio Bezerra (RN), secretário da Criança e Juventude; Wilson José (DF), secretário da Fazenda; Mauricélia Vidal (PB), secretária de Ciência e Tecnologia; Alessandro Carvalho (BA), secretário de Defesa; Alexandre Schneider (SP), secretário de Educação e Rodrigo Ribeiro de Queiroz (PB), secretário de Projetos Estratégicos.
A República de Caruaru – Raquel trouxe um exército da sua terra para ajudá-la a governar o Estado, implantando a chamada República de Caruaru, entre os quais Carolina Cabral, já defenestrada de Projetos Estratégicos; Carlos Braga (Criança e Juventude); Diogo Bezerra (Infraestrutura); Eduardo Vieira, seu guru espiritual (chefe de gabinete); Ana Maraíza, a poderosa secretária de Administração, a única que frequenta casa dela; Túlio Villaça (Governo), André Teixeira Filho (Adepe); Bruno França (secretário-executivo de Agricultura); Rubens Júnior (secretário-executivo da Casa Civil); Juliana Gouveia (Secretaria da Mulher); Joana D`Arc da Silva Figueiredo (Justiça) e Paulo Paes de Araújo (Ressocialização).
Por: Magno Martins