Raquel abandona os tucanos e vai de mala e cuia para o PSD de Kassab

No último dia 18 de agosto, a governadora entregou o comando da Secretaria Estadual de Cultura a Cacau de Paula, filha do ministro da Pesca, André de Paula, ambos do PSD. Com a decisão, além de fortalecer sua base aliada, Raquel Lyra se aproximou do governo Lula. Agora, se confirmar a mudança de legenda, deixará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva numa condição ainda mais confortável no Nordeste, porque ele não terá de enfrentar mais nenhum governo de oposição na Região.

“Não haveria motivo para ela fazer esse gesto (nomear a filha do ministro) e continuar num partido de oposição a Lula. Mas Raquel é muito moderada e vai ouvir seus liderados em Pernambuco antes de formalizar uma decisão”, avalia uma liderança nacional do PSD, que prefere não falar publicamente, para evitar desgastes com os tucanos.

Raquel está a um passo de trocar o PSDB pelo PSD

Por falar neles, a ausência de Raquel Lyra no evento “Diálogos Tucanos”, na quinta-feira 24 de agosto, em Brasília, para discutir a renovação da legenda, foi notada. O partido só tem três governadores, se falta um, claro que acende o alerta. Ela alegou problema de agenda, embora na véspera estivesse na capital federal. O presidente do PSDB, governador Eduardo Leite, também negou que houvesse algum problema, disse que Raquel apenas tinha outros compromissos no Estado.

O ministro da Pesca, André de Paula, não nega a empolgação com a entrada do PSD no governo estadual de Raquel Lyra. Mas, se a abordagem é sobre ela mudar de legenda, o tom que adota é de cautela. André de Paula conversou com a Coluna do Estadão. “O PSD, como todos os partidos, ficaria honrado em filiar Raquel Lyra. “Mas é uma decisão personalíssima. Só cabe realmente a ela”, ressaltou.

O ministro tem uma relação política bastante próxima à governadora. Nas eleições de 2022, por exemplo, ela chegou a convidá-lo para compor a chapa na disputa ao Senado. “O que fizemos agora foi uma construção estadual. Uma parceria importante”, destacou.

Neutralidade facilita mudança de sigla de Raquel

Na campanha de 2022, Raquel Lyra agiu como equilibrista em relação às candidaturas presidenciais. Ao longo de toda a disputa, evitou declarar apoio ao presidente Lula ou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Tampouco adotou discurso de oposição a qualquer um deles. Foi criticada por ficar em cima do muro, na mais clássica das posturas tucanas. Mas agora o comportamento eleitoral adotado evita constrangimentos a Raquel na negociação com o governo Lula.

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