Raquel num baile de fome

Opinião

O ex-governador Joaquim Francisco, de quem fui secretário de Imprensa, regia sua vida pública por uma filosofia criada por um primo bem matutão e grosseiro de Macaparana, que a ele ensinou muitos procedimentos práticos. Para evitar vexames, por exemplo, dizia que não se deve ir a um baile de fome fantasiado de coxinha de galinha, para não ser comido por todos.

Mais uma vez, a governadora Raquel Lyra (PSDB) foi a um baile de fome fantasiada de coxinha de galinha – a entrega, ontem, dos conjuntos habitacionais Vila Brasil I e II, na Zona Sul do Recife. As casas têm o DNA de João Campos, a festa foi preparada por ele para receber o presidente da República e aliado político.

Raquel sabia disso e, certamente, foi para se apropriar da obra alheia. Levou a pior. Como das outras vezes em que Lula esteve no Estado, levou uma estrondosa vaia. Poderia ter evitado o vexame, porque na agenda do presidente havia outro compromisso que dizia respeito exclusivamente ao Estado e não ao Governo Municipal.

A vaia foi tão grande que Lula teve que se levantar e ficar ao lado dela, como se sua presença fosse inibir os inconformados com a gestão grotesca que Raquel empreende no Estado. O Governo dela é uma obra-prima dantesca. Na visita ao Sertão do Pajeú, na semana passada, entregou uma estrada de 9 km viabilizada com emendas de deputados federais.

Isso é surfar em obra alheia. Nos últimos dois meses, a governadora se transferiu de mala e cuia, literalmente, para os rincões do Estado, para anunciar obras nanicas numa tentativa de reverter, do Sertão para o Litoral, os índices de expectativas de poder positivos que tinha antes de assumir e realizar um dos governos mais desastrosos da história de Pernambuco.

Rabo da gata em avaliação entre os 27 governadores, segundo levantamento do Atlas Intel, Raquel acha que, agradando aos cidadãos distantes da Região Metropolitana, onde se concentra quase metade do eleitorado do Estado, com um toque de mágica, vai virar pop star.

Agamenon Magalhães dizia que a ilusão da política é pior do que a do amor.

VEXAME – Se não tivesse ido ao baile de fome fantasiada de coxinha, a governadora não teria, igualmente, de ter passado pelo constrangimento de assistir, de cara feia, o público saudar João Campos, seu provável adversário em 2026, como o “melhor prefeito do Brasil”. Aliados de João, como o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), fizeram questão de mostrar satisfação com o ocorrido. Silvinho replicou a “titularidade” durante a saudação, dizendo que o gestor recifense é um dos melhores prefeitos do País.

Por: Magno Martins

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