Reação de PT e PCdoB a plano de cúpula petista adia lançamento de Geraldo Jr. à Prefeitura por tempo indeterminado

 

A forte reação na base governista ao vazamento da informação de que a cúpula petista já havia batido o martelo e escolhido o vice-governador do Estado, Geraldo Jr. (MDB), como candidato à Prefeitura de Salvador do grupo liderado pelo PT acabou obrigando a um recuo nas articulações que visavam lançar seu nome à sucessão municipal já neste fim de semana.

Agora, embora Geraldo Jr. permaneça como o quadro preferido dos líderes petistas para concorrer contra o prefeito Bruno Reis (União Brasil), o anúncio de sua escolha segue sem prazo determinado. Originalmente, o plano da cúpula do partido do governador Jerônimo Rodrigues (PT) era convidar o deputado estadual Robinson Almeida a retirar sua pré-candidatura a prefeito no partido, no início desta semana, a fim de abrir espaço para que o lançamento de Geraldo Jr. parecesse natural.

Desta forma, planejavam os petistas que defendem a candidatura do vice, o emedebista adquiriria condições favoráveis para, em seguida, isolar a pré-candidata do PCdoB, Olívia Santana, forçando-a também a renunciar por falta de apoio político no grupo. Paralelamente, Geraldo Jr. trabalharia pela escolha de um vice originário do petismo como forma de tornar sua candidatura irreversível.

O vice-governador chegou a pensar em atrair para a chapa a ex-primeira-dama do Estado, Fátima Mendonça, como forma de desarmar as resistências do PT e de outros partidos da base governista ao seu nome, além de garantir o apoio do presidente Lula e da primeira-dama do país, Janja, amigos íntimos da baiana, à sua campanha em Salvador.

No entanto, a forte reação oriunda do PT e do PCdoB contra a manobra obrigou a cúpula petista a pisar no freio e, como disse ontem uma fonte do governo ao Política Livre, aguardar “dias melhores” para promover o anúncio da candidatura de Geraldo, que agora não tem mais prazo para ocorrer. Para completar, o emedebista terá agora que enfrentar um desafio que não estava no horizonte.

Ele precisa superar a forte animosidade provocada tanto em Robinson quanto em Olívia contra ele depois da descoberta do projeto de alijá-los da corrida à sucessão municipal em seu favor. Os dois, inclusive, aproveitaram a sessão de ontem na Assembleia para, no caso de Robinson, atacar a notícia sobre o plano, e, no de Olívia, mais inteligentemente, combater uma estratégia que considerou anti-democrática.

Não respeitarei decisão nenhuma em que não forem consideradas as posições dos partidos, que não foram discutidas”, disse ontem, na Assembleia, a aguerrida deputada estadual do PCdoB, prometendo enfrentamento claro à cúpula do PT. Mais fraco política e eleitoralmente e, portanto, totalmente dependente da direção do partido, Robinson preferiu se utilizar do velho expediente comum aos extremistas de chamar de ‘fake’ as notícias que os contrariam, ao invés de criticar a estratégia dos dirigentes da legenda.

Eu tive como surpresa o anúncio de uma candidatura em Salvador por um site. Eu nunca tinha visto esse expediente. Confesso que a criatividade tem me surpreendido nesse momento. Não foram confirmadas as pessoas citadas como fonte, no caso, o senador Jaques Wagner e o governador Jerônimo“, afirmou no tom irritadiço habitual, revelando, segundo alguns petistas, uma característica que já o vem prejudicando: a subserviência ao governo e ao senador Jaques Wagner, apontado como principal defensor do nome de Geraldo Jr.

Responsabilizado em setores do governo pelo vazamento da informação, por causa do estilo boquirroto, o vice-governador acabou admitindo a políticos com os quais cruzou nos últimos três dias que, de fato, a divulgação da estratégia teria acabado abortando o plano de lançamento de seu nome à Prefeitura antes do mês de novembro, como articulava com os principais dirigentes petistas.

Ao planejar criar as condições para que Geraldo Jr. emergisse como opção principal à sucessão, a cúpula petista respondia, sobretudo, a uma pressão que passou a ser exercida nos últimos dias pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, um dos líderes do MDB baiano. Respeitado como estrategista, ele vinha reclamando publicamente da demora do governador Jerônimo Rodrigues (PT) em anunciar a candidatura do grupo ao Palácio Thomé de Souza.

Apontado como principal responsável, junto com o irmão, Lúcio, pela proeza de reeleger João Henrique quando o prefeito de Salvador caía pelas tabelas apresentando índices de rejeição que eram considerados até por especialistas como irreversíveis, Geddel tem defendido a tese de que é necessário planejamento para enfrentar o favoritismo de Bruno Reis. Para isso, ganhar tempo é fundamental.

 

Política Livre

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