Reforma de João Campos deixa Recife com mais cargos que governo de PE
A reforma administrativa de João Campos (PSB) aprovada pela Câmara Municipal do Recife na semana passada deixou a administração municipal com mais cargos comissionados que o governo de Pernambuco, comandado por Raquel Lyra (PSDB), sua potencial adversária em 2026.
A prefeitura da capital ganhou 423 novos cargos comissionados, somando 3.555. O governo estadual, considerando os postos que entraram em vigor em janeiro, tem 3.378.
Esse tipo de cargo é usado para acomodar aliados políticos. Ao ampliar o espaço, Campos faz um aceno à sua base já pensando na disputa de 2026, quando deve concorrer com Raquel pelo governo do estado. O número desconsidera as funções gratificadas, que são atribuídas a servidores de carreira.
Em seu segundo mandato, o prefeito tem nomeado ex-vereadores, ex-prefeitos e ex-candidatos que tiveram um bom volume de votos. É o caso do petista Vinicius Castello, que perdeu para Mirella Almeida (PSD) na disputa pela Prefeitura de Olinda. Ele será secretário-executivo de Infraestrutura.
Outro nome com essas características é o da ex-prefeita de Surubim Ana Célia (PSB). Ela assumiu como secretária-executiva de Planejamento e Articulação Social.
Eduardo Inojosa (Novo), suplente de vereador em Recife, critica o aumento de cargos comissionados e cita impacto financeiro anual de R$ 69,7 milhões.
“Na nossa visão, esses cargos são cabides de emprego, cabides de eleição”, critica. “Recife tem 1,5 milhão de habitantes. Pernambuco tem quase 10,5 milhões. A diferença é gigante. A Prefeitura do Recife tem 636% mais funcionários comissionados por habitante do que o governo”, continua.
Procurada, a Prefeitura do Recife afirmou que o impacto da reforma administrativa representa menos de 1% da Recente Corrente Líquida do município e que a nova estrutura adequa a máquina pública às novas demandas da cidade.
A nota afirma ainda que a despesa com pessoal no Recife representa 41,62% da Receita Corrente Líquida, o menor patamar da história.
“Tal quadro permite um redesenho para a nova gestão (2025 – 2028), com o objetivo de realizar ainda mais entregas para quem vive na cidade em um cenário de aceleração de entregas e composição das novas Secretarias em áreas específicas.”
A Prefeitura cita ainda ampliação de vagas em creches, unidades de saúde e outras obras. “Ressalte-se que foram abertos mais de 3.000 cargos efetivos nos últimos quatro anos através de concursos públicos na gestão municipal nas mais diversas áreas”, complementa.
“Neste sentido, a Reforma Administrativa redimensiona as forças de trabalho necessárias para o pleno atendimento aos serviços públicos, sempre em franca expansão.”
Danielle Brant/Folhapress