Renan é comparado ao ‘Coronel Saruê’
A reportagem procurou Gustavo Pessoa para saber quais as características que aproximam Renan do Saruê da obra de Benedito Ruy Barbosa e Edmara Barbosa. E ouviu o candidato discorrer sobre a missão que assumiu de expor as raízes coronelistas da política alagoana, em seu primeiro pleito majoritário polarizado entre o candidato à reeleição Rui Palmeira (PSDB) e o afilhado de Renan e ex-prefeito Cícero Almeida, o Ciço (PMDB).
“Para líderes como Renan que lutam pela sobrevivência política se agarrando a governos de ocasião, Alagoas é um feudo onde ele, como o coronel Saruê, recebe vassalos, vez por outra, para cerimônia de beija mão. Quando escolhi o termo, usei como metáfora do coronel urbano que, por trás de um suposto cosmopolitismo, oculta seumodus operandi truculento de quem quer transformar Alagoas numa propriedade pessoal”, explicou Gustavo Pessoa, soando como o personagem Bento dos Anjos, vereador em Velho Chico.
Para o candidato do PSOL, que lançou nas redes sociais uma campanha de arrecadação de recursos para sua campanha com o lema “Doe 50 para o 50”, a maioria dos sete candidatos a prefeito representam oligarquias comandadas por coronéis urbanos.
“Nós lutamos contra gigantes. Nossos principais adversários são aqueles que detém o poder. Rui Palmeira, na esfera municipal, e Cícero Almeida porque, na verdade, é o candidato do governo do Estado e de um grupo que quer se apoderar de Alagoas e, consequentemente, de Maceió. São os coronéis urbanos. A gente tem como foco principal o combate a essas oligarquias urbanas”, explicou o psolista.
Quer mobilizar eleitor
Além disso, Pessoa afirmou que o PSOL tem uma proposta para Maceió, que tem como eixo fundamental a mobilização. Ele vê o atual modelo de democracia representativa em crise, não só no Brasil como no mundo ocidental todo. E a prova disso é que a eleição de uma presidente, Dilma Rousseff, retirada um ano e oito meses depois.
“Vamos questionar isso, para que as pessoas percebam que são atores políticos desse processo. Me darei por vitorioso se ao final desse processo eu elevar a consciência das pessoas. Não esperem que eu seja um denuncista no processo, um sniper atirando aqui e ali. Minha campanha está focada nas redes sociais e estou pontuando 1,5%, na pesquisa do Instituto Paraná. Estou em empate técnico com o Paulão [3%], que é um deputado federal e tem um aparato que não está à minha disposição. Uma parte da população de Maceió, ainda que pequena, começou a captar esse sentimento”, acredita Gustavo Pessoa.
O candidato do PSOL citou a pesquisa do Instituto Paraná, divulgada pela TV Pajuçara em 24 de agosto e registrada no Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) sob o número 02178/2016. Com margem de erro de 3,5%, o levantamento feito entre os dias 19 e 23 de agosto mostrou Rui com 32,9% da preferência dos eleitores consultados; Ciço com 31,8%; João Henrique Caldas, o JHC (PSB), com 11,8%, Paulão (PT) com 3% e Gustavo Pessoa (PSOL) 1,5%, na modalidade de pesquisa estimulada. Fernando do Village (PMN) e o candidato do senador Fernando Collor, Paulo Memória (PTC), não atingiram 1% das intenções de voto.
A reportagem não conseguiu contato com o senador Renan nem com sua assessoria de comunicação.