Repercute no país agressão a jovem no São João do Sfrega em Senhor do Bonfim

Carioca é agredido durante show da banda Aviões do Forró, na Bahia: ‘Foi homofobia. Ameaçaram me matar’

Vítima teve três costelas quebradas Foto: Divulgação
Fabrício Provenzano

Um auditor carioca de 32 anos foi agredido no camarote do espaço de shows Forró de Sfrega, durante uma apresentação da banda Aviões do Forró, em Senhor do Bonfim, no Centro Norte da Bahia. O caso aconteceu no último sábado, quando a vítima, que prefere não se identificar, foi ao banheiro do estabelecimento, onde foi cercado por quatro homens que o atacaram com socos e chutes. O rapaz ficou com três costelas quebradas e ferimentos pelo corpo. Ele afirma que foi vítima de homofobia.

— Eu vou nessa festa há quatros anos. É uma festa fechada, cara. Eu estava em um camarote. As agressões aconteceram na metade do show. Eu fui ao banheiro sem meus amigos e esses quatro covardes homofóbicos já chegaram me chamando de gay e começaram a me abredir. Eles me empurraram dentro de uma cabine e se reverazam para me bater com socos e pontapés — conta o auditor, que recebeu ameaças de morte: — Eles ficaram dizendo que eu tinha que morrer, que ali não era o meu lugar, que eu tinha que sair da festa, que se eu ficasse lá iam me matar. Foi homofobia. Ameaçam me matar se eu denunciasse.

O auditor diz ainda que os agressores não o acertaram no rosto para que os ferimentos não ficassem evidentes para os participantes da festa.

Vítima sofreu ferimentos nas costas
Vítima sofreu ferimentos nas costas Foto: Divulgação

Segundo a vítima, um segurança que estava na porta do banheiro “fingiu que não viu o ataque”. O auditor conta que, em seguida, ele foi “escoltado” pelos agressores para a saída da festa. Ele diz que pediu ajuda da produção para deter os envolvidos no ataque, mas foi ignorado.

— Naquele momento, eu entrei em um táxi e fui para a casa onde estava hospedado e, no dia seguinte bem cedo, fui para Salvador, onde denunciei o caso — diz o auditor.

Segunda a vítima, que se recupera dos ferimentos, a dor emocional ainda é grande.

— A gente se sente revoltado, inútil, em estado de choque, com medo de sair de casa, de ir para qualquer lugar. Você nunca sabe até que ponto chega a raiva dessas pessoas. Eles só não me mataram porque não tinha nada lá para me matar, como um pedaço de pau. Algo assim nunca me aconteceu — afirmou.

Ainda de acordo com o auditor, que mora na Zona Sul do Rio, apenas no dia seguinte ao ataque, a produção do evento o procurou para oferecer ajuda.

Jovem lamentou as agressões
Jovem lamentou as agressões Foto: Reprodução / Instagram

Segundo Marcelo Cerqueira, coordenador do Grupo Gay Bahia, associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais no Brasil, o caso já está sendo acompanhado pelo Ministério Público (MP) da Bahia.

— Ele foi vítima de homofobia. As marcas estão aí (para provar) — disse Marcelo, que acrescentou: — Ele falou comigo. Entrei em contato com o MP e ele foi atendido nesta segunda-feira por uma promotora, em Salvador. Ela informou que vai pedir uma oitiva com os envolvidos através da Delegacia de Senhor do Bonfim. Não consigo imaginar o que motiva algo assim.

Em nota, a produção do Forró do Sfrega, lamentou o ocorrido. Leia na íntegra:

“A produção do Forró do Sfrega, em resposta às recentes manifestações na imprensa e redes sociais sobre uma suposta agressão e homofobia praticada por um grupo de foliões contra a pessoa do Senhor X., fato que teria acontecido no dia 25 durante a apresentação do show da banda Aviões do Forró, vem a público esclarecer que não tomou conhecimento do registro de nenhum fato desta natureza durante a realização da festa no dia 25 de junho e em nenhum dia do evento. Vale ressaltar que a segurança particular contratada para o evento, bem como o efetivo da Polícia Militar presente na festa, não foi acionada para conter situações desta natureza ou abordada pela suposta vítima para registro de ocorrência.

De maneira complementar, a produção verificou a inexistência de entrada para atendimento nos postos médicos instalados no local do evento. Análises minuciosas das câmeras de segurança não apresentam situações atípicas no local onde a suposta agressão teria acontecido.

Também de forma complementar, a produção do evento procurou as unidades da Polícia Civil e Polícia Militar constatando a inexistência de registro de Boletim de Ocorrência, nem de atendimento realizado nas unidades de saúde públicas e privadas da cidade de Senhor do Bonfim e Região.

A produção do Forró do Sfrega reforça que, ao longo de 17 anos de história, sempre respeitou a diversidade de sexo, zelando pela integridade física de seus foliões, não presenciando ou tolerando quaisquer casos que envolvam prática de racismo, homofobia ou condutas afins, dentro ou fora do evento. A direção da festa coloca-se inteiramente à disposição das autoridades para apresentação de imagens ou informações sobre a festa, que venham a contribuir para o perfeito esclarecimento dos fatos.

Ressaltamos que medidas judiciais serão tomadas visando preservar os interesses do evento e seus promotores, responsabilizando a quem, de modo irresponsável ou leviano, tenha dado causa a prejuízos materiais ou morais, embora tenhamos a consciência tranqüila de que ao longo de todos esses anos prezamos pelo respeito a todos os gêneros”.

Fonte: Extra

 

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