Restos do Homem de Piltdown são encontrados na Inglaterra

Vestígios foram considerados elo entre macacos e homens, mas depois descobriu-se adulteração no crânio e nos dentes

Após três anos de escavações arqueológicas em uma área pedregosa de Piltdown (Inglaterra), o arqueólogo amador Charles Dawson anuncia em 18 de dezembro de 1912 a descoberta de duas caveiras que pareciam pertencer a um primitivo hominídeo, ancestral do homem, junto com um dente canino, uma ferramenta talhada a partir da presa de elefante e partes fossilizadas de animais pré-históricos.

A despeito das atenuadas críticas de uma minoria de paleontólogos, a maioria da comunidade científica saudou o chamado Homem de Piltdown como o elo perdido da evolução do macaco ao homem. Estimou-se que os restos encontrados datavam de mais de um milhão de anos.

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Imagem do crânio encontrado em Piltdowm, Inglaterra, há exatos cem anos

Na década subsequente, os cientistas proclamaram a descoberta do Eoanthropus dawsoni, ou “O Homem do Amanhecer de Dawson”, como a confirmação da controversa teoria da evolução das espécies de Charles Darwin.

Nos anos 1920 e 1930, considerou-se que os sítios arqueológicos de Piltdown eram bem menos antigos do que se havia acreditado. Outros achados de ancestrais humanos ao redor do mundo deixaram em dúvida a autenticidade do Homem de Piltdown.

Em 1953, por exemplo, em um congresso internacional de paleontólogos, o Homem de Piltdown foi logo de início acoimado de fraude. Um estudo aprofundado dos restos mortais demonstrou que a descoberta era de um crânio humano relativamente moderno, de não mais que 600 anos, enquanto a mandíbula e os dentes eram de orangotangos e chimpanzés.

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Testes microscópicos indicaram que os dentes haviam sido alterados com uma ferramenta de corte para que se parecessem com dentes humanos. Os cientistas também acharam que os ossos haviam sido tratados com produtos químicos a fim de parecerem bem mais antigos. Outros fósseis encontrados no sítio de Piltdown, por sua vez, provaram-se autênticos, mas de espécies não encontradas na Grã Bretanha.

A identidade da pessoa que orquestrou a fraude jamais veio à tona. Todavia, em 1996, encontrou-se em um baú nos depósitos do Museu Britânico fósseis tratados exatamente da mesma maneira que os restos de Piltdown.

A arca estava gravada com as iniciais M.A.C.H., que pareciam sugerir que Martin A.C. Hinton, um voluntário que trabalhava no British Museum em 1912 e que mais tarde passou a ser o diretor de zoologia da instituição, tinha sido provavelmente o culpado. Alguns argumentaram que ele até tentara dificultar as atividades de Arthur Smith Woodward como curador do departamento de paleontologia do Museu Britânico, porque Woodward lhe teria recusado um pedido de aumento salarial.

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