Em um comunicado divulgado na quinta-feira (17), o Ministério Público de Jalisco informa que os policiais encontraram “restos ósseos e quatro crânios com sinais de calcificação em sua totalidade”. Entretanto, ainda não foi possível determinar suas características físicas, idades ou sexo.
Os legistas trabalham para identificar as vítimas, acrescentou a nota.
Armando Olmeda, pai de um dos jovens desaparecidos desde a sexta-feira da semana passada, admitiu que os restos mortais encontrados podem pertencer ao seu filho e aos amigos dele, mas disse que prefere aguardar o relatório das autoridades.
Olmeda, um pedreiro de 54 anos, afirmou que está determinado a procurar seu filho Roberto Carlos “até o fim”.
Roberto Carlos, 20 anos, está no sexto período do curso de Engenharia Industrial na Universidade de Guadalajara, disse Olmeda.
O grupo de amigos com idades entre 19 e 22 anos desapareceu na localidade de Lagos de Moreno, mas as autoridades não confirmaram oficialmente as mortes.
Antes, o MP anunciou a localização de restos carbonizados de outra pessoa encontrada em um carro em 15 de agosto.
Após o desaparecimento dos jovens, uma imagem e um vídeo deles foram divulgados nas redes sociais. Na foto é possível vê-los ajoelhados e algemados, enquanto o vídeo mostra um deles sendo atacado com um objeto contundente e uma faca, ao passo que outros corpos estão no chão.
O compartilhamento das imagens chocou cidadãos, jornalistas e políticos.
Na quarta-feira, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, não respondeu às perguntas de jornalistas sobre o caso durante sua coletiva matinal, atitude duramente criticada nas redes sociais.
No dia seguinte, o mandatário afirmou que não ouviu às perguntas dos repórteres e afirmou que o governo está colaborando com as investigações.
A investigação “corresponde ao Ministério Público do estado de Jalisco. Sim, estamos ajudando”, disse em sua habitual entrevista coletiva.
Jalisco é o estado do México com o maior número de pessoas desaparecidas, cerca de 14.800, de um total de 110 mil casos registrados desde 1962.
De 2018 a 2023, foram encontradas 141 covas clandestinas. Em 6 de junho, os restos mortais de oito operadores de telemarketing desaparecidos foram encontrados em sacos em uma cova clandestina em Zapopan, subúrbio da cidade de Guadalajara.
O México registra mais de 420 mil homicídios e pelo menos 100 mil desaparecidos desde o final de 2006, quando o governo lançou uma ofensiva militar contra os cartéis de drogas.