Resultado de campanha pode inviabilizar planos políticos futuros de Geraldo Jr.

Opinião

 

Quando forçou a barra em seu partido e no grupo do governo para se viabilizar como candidato à Prefeitura de Salvador, Geraldo Jr. (MDB) certamente só pensou nas vantagens que a amplitude da exposição do seu nome ao eleitorado da cidade, no pleito atual, proporcionariam ao projeto de concorrer em 2026 a uma vaga de deputado federal. Avaliava que, com dinheiro do fundo eleitoral, circulação espontânea na mídia e controle dos programas de TV e rádio, teria condições de levar sua mensagem a milhares de pessoas, conseguindo conquistar o coração e a mente de boa parte delas para seu plano eleitoral futuro.

Esqueceu de sopesar, no entanto, que tudo isso só funcionaria integralmente a seu favor se conseguisse se tornar portador de uma mensagem potente para os soteropolitanos, o que nem seus marqueteiros conseguiram incutir em seu cérebro. Além disso, desconsiderou que as imensas fragilidades que exibe, do evidente despreparo à dificuldade de passar verdade em tudo o que diz, viriam fragorosamente à tona, potencializadas pela posição de destaque que ganhou como candidato do governo à sucessão municipal e, por sua vez, exploradas com intensidade pelos adversários, como está acontecendo.

O resultado é que se assiste a uma verdadeira demolição de sua imagem numa campanha na capital baiana como poucas vezes se viu na história da cidade. Com frequência, ele é pintado como um político inconfiável e oportunista, com duas caras, que não consegue repetir em pé o que acabou de dizer sentado. Fatos não faltam para classificá-lo como um representante que, como espalham os adversários, não merece o privilégio de ocupar o Palácio Thomé de Souza. É uma linha de raciocínio que se fortalece pelo pouco tempo em que deixou o grupo do prefeito Bruno Reis (União Brasil) para tentar lhe fazer oposição.

E muito pela incoerência de sua trajetória política, que foi de um polo ao outro do espectro político na velocidade da luz, algo incapaz de ser explicado por análises que atribui ao presidente Lula e mesmo pelo conceito de Metamorfose Ambulante do genial baiano Raul Seixas de que ousa às vezes lançar mão para tentar justificar o fato de, apesar de estar no grupo do governo, ser um admirador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem, volta e meia, pega emprestado até a expressão “jogar dentro das quatro linhas”. Nenhum candidato governista à sucessão em Salvador teve tratamento comparável das forças adversárias.

Nelson Pelegrino, Walter Pinheiro e Major Denice, do PT, Alice Portugal e Olívia Santana, do PCdoB, receberam críticas quando concorreram à Prefeitura dos adversários que não colocaram em xeque seus legados políticos nem os desmoralizaram. Alguns até conseguiram sair da campanha mais fortes do que a iniciaram. Exatamente porque eram todos de carne e osso, de verdade. Não é o que parece que vai acontecer com o emedebista, que pode deixar a disputa de tal forma ferido que terá dificuldades de implementar o mais banal projeto político futuro. É para lembrar a frase: “Devido à sua ambição, o homem faz da sua vida um verdadeiro naufrágio”.

Raul Monteiro*

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