Revelações de três encontros entre Temer, Cunha e presidente da Andrade Gutierrez eletrizam a Lava Jato

 

Por Jorge Serrão 

O Presidento Interino Michel Temer, que ontem fez apelo dramático para que todos venham ao Brasil curtir nossas Olim-piadas, tem seu nome jogado na apavorante Lava Jato. Entre 2012 e 2014, o deputado Eduardo Cunha organizou pelo menos três encontros do então presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, com o então vice-presidente Michel Temer – tudo não registrado na agenda oficial. Os três encontros aconteceram no gabinete do vice. Em 2014, a Andrade Gutierrez doou R$ 11,4 milhões ao PMDB.

Venham sem medo

A varredura da Polícia Federal no smartphone de Azevedo foi que revelou a “agenda secreta” – que pode dar dor de de cabeça para Michel, caso Cunha se transforme em “delator premiado”. A assessoria de Temer informou que ele e Azevedo tinham “relacionamento institucional e não precisavam de intermediários para marcar encontros”. Temer não se recorda de encontros ocorridos em 2012… Sua aposta é que a má notícia seja minimizada na mídia amestrada em nome das promessas de melhoria econômica e da famosa governabilidade…

Enquanto se preocupa só um pouquinho com a Lava Jato, Temer corre atrás de dinheiro para governar. O excedente de lucros do sistema financeiro, obtido com os juros estratosféricos e as tarifas altíssimas cobradas de clientes, é o grande trunfo do Presidento Interino Michel Temer para ter dinheiro sobrando para investir naquilo que a equipe econômica batizou de “Agenda de Desenvolvimento e Reformas para o Crescimento da Economia”. Uma das medidas para adoçar a boca dos bancos consistirá em facilitar a venda da dívida ativa da União e dos Estados no mercado. O objetivo é faturar até R$ 65,2 bilhões com a chamada “Securitização”.

Na prática, bancos vão acelerar e tornar mais agressiva a cobrança de quem deve ao fisco federal. A medida deve aquecer ainda mais o lucrativo mercado de transação com precatórios (papéis oriundos de decisões judiciais transitadas em julgado que o Estado não paga aos cidadãos e empresas). Aliás, outra fonte de renda cogitada para a financiar futuros projetos de infraestrutura – e também para cobrir os permanentes rombos do desgoverno – será a utilização de pelo menos 25% dos R$ 150 bilhões, guardados nos bancos, como depósitos judiciais (para o pagamento no final de processos, aqueles mesmos que acabam se transformando em “precatórios”).

A União também promete injetar R$ 500 milhões no Fundo Garantidor de Infraestrutura (FGIE). O plano é ter recursos para reduzir os riscos das obras, além de garantir o lançamento de debêntures que o governo pretende incentivar para o financiamento dos projetos de infraestrutura. A intenção é cobrir os riscos não gerenciáveis das obras, como mudanças políticas ou desastres naturais. Em resumo, o objetivo principal é atrair os bancos, com as burras cheias de grana, para os grandes projetos de investimento (sempre prometidos, mas que nem sempre saem do papel ou começam e não terminam, por incompetência e corrupção). A meta oficial é que o BNDES só entre, no máximo, com 50% dos recursos para financiar as grandes obras.

Michel Temer pretende anunciar seu superpacotão de bondades até sexta-feira. Um dos pontos fortes será a liberação de mais crédito para microempreendedores, além das “facilidades” para financiamento da compra de imóveis para a classe média e um gás no programa “Minha casa, Minha vida”. A única coisa que assusta Temer é o rombo nas contas públicas. A reunião desta terça-feira com equipe econômica tem como pauta principal discutir como cortar despesas em torno de R$ 20 bilhões para que se cumpra a meta de fechar o ano com deficit de R$ 170,5 bilhões. Os problemas nos estados e municípios, alguns em ritmo de quebradeira, apavoram Michel Temer – talvez mais até que o risco de ter seu nome respingado nas intrigas da Lava Jato…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *