Rio: Marinha apura ameaça do tráfico a soldados em QG

Em 3 dias, homem apontou pistola a recrutas pedindo silêncio, e tiros foram disparados por 2 vezes em direção ao local, que fica ao lado da Kelson’s. Leito de ambulatório foi atingido.

Por Marco Antônio Martins, G1 Rio

A Marinha abriu inquérito para apurar ameaças a militares e tiros disparados para dentro do Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA), na Penha, Zona Norte do Rio. Os episódios investigados aconteceram 21 e 24 de janeiro deste ano, de acordo com documento obtido pelo G1. Um leito do ambulatório chegou a ser atingido, mas por sorte estava vazio e ninguém se feriu.

Em uma das ocasiões, segundo relatos de militares, um criminoso armado de uma pistola sentou no muro que divide a unidade militar com a comunidade da Kelson’s e ordenou que os militares encerrassem a atividade física por estar incomodado com o “barulho”. Em outros, tiros chegaram a atingir as instalações do centro.

A suspeita dos militares é que o homem integre a quadrilha de traficantes de drogas que controla a Kelson’s, localizada junto ao muro da unidade. A comunidade é dominada pela maior facção de drogas do estado do Rio de Janeiro.

Reforço na segurança

O CIAA é considerado o maior e mais diversificado centro de formação de praças da Marinha brasileira. Após as ameaças, a Marinha informou, através de nota, que reforçou a segurança interna para evitar a “ocorrência de fatos similares”.

Uma outra medida tomada tem sido manter de prontidão, diariamente, equipes de socorro caso algum incidente aconteça com os recrutas. A ameaça a alunos de uma unidade militar acontece em um momento em as Forças Armadas têm auxiliado as polícias do RJ no combate à violência.

Ameaças relatadas:

  • 21 de janeiro – Às 8h30, cerca de 500 alunos faziam a atividade física quando foram surpreendidos por um homem armado com pistola. Os instrutores decidiram deixar o local e retirar a tropa.
  • 24 de janeiro – Foram disparados tiros para o interior da unidade. Instrutores e alunos precisaram se abrigar dos disparos. Ninguém ficou ferido.
  • 24 de janeiro – Dois disparos atingiram o compartimento de atendimento do ambulatório naval. Um dos tiros atingiu o leito de atendimento e passou próximo de um cilindro de
  • A partir de então, as áreas, dentro do quartel, mais próximas à comunidade passaram a ser consideradas “sensíveis” pelos militares. De acordo com o relato de integrantes da Marinha, os disparos aconteceram na localidade entre os fundos da favela Kelson’s e a cooperativa de pesca que há na favela. O CIAA está numa localidade considerada estratégica: o seu acesso principal é na Avenida Brasil, a principal via expressa do Rio. Os fundos está a Baía de Guanabara. Do quartel é possível se ver a Linha Vermelha, outra importante via expressa.

Visita de Madre Teresa

Localizada ao lado do centro de instrução, a comunidade da Kelson’s surgiu há 70 anos numa ocupação de oito pescadores. Por estar ao lado de uma base militar ganhou, inicialmente, o nome de comunidade Marcílio Dias, herói da Batalha Naval do Riachuelo.

O grau de pobreza extrema do local levou à comunidade a ser visitada por Madre Teresa de Calcutá, em 1982, numa visita que a missionária fez ao Brasil.

Atualmente, a Kelson’s, nome que passou a ser chamada, o mesmo da fábrica de PVC que há no local, tem 12 mil moradores. A comunidade é dominada pela maior facção de drogas do RJ. De acordo com policiais do 16º Batalhão (Olaria), o chefe do tráfico no local é Geraldo Francisco do Carmo Júnior, o Godô, que está preso. Ele é acusado pelo Ministério Público estadual de comandar ações para o roubos de carga e tráfico de drogas.

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