Por Renata Bezerra de Melo
Ainda em janeiro, quando passou pelo Recife, em campanha pela presidência da Câmara Federal, o deputado federal Eduardo Cunha se vangloriava de ser o candidato capaz de manter independência em relação ao Governo Federal. “Que independência pode ter quem acabou de deixar a liderança do governo, nomeou o filho e era a favor dos conselhos populares?”, disparara contra o, então, adversário do PT, Arlindo Chinaglia. O peemedebista pregava a altivez da casa legislativa, afastando qualquer hipótese de submissão ao Executivo. Meses depois, em entrevista ao Diálogos da Globo News, classificara de “golpismo” e “ilegalidade” o debate sobre processo de impeachment da presidente Dilma. Na sexta, no entanto, Cunha cuidou de anunciar rompimento com o governo da petista. Para quem nunca fora aliado, um rompimento soa desnecessário. De quebra, Cunha tirou da gaveta um lote de pedidos de impeachment contra a presidente. Se era ilegalidade, ele assume o risco, mais um.
De uma vez só, Cunha disparou contra o juiz Sergio Moro, o Governo Federal, o procurador-geral da República e a PF. Para quem é investigado pela PF, foi uma aposta bem alta