Rui deixa Lula em 2º plano, a omissão de Jerônimo e a boquinha nervosa no CAB
Do Pombo Correio
Rui Costa parece preocupado apenas com a candidatura ao Senado Crédito: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ AGÊNCIA BRASIL
Farinha pouca, meu pirão primeiro
O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), parece estar mais preocupado com sua candidatura ao Senado nas eleições do próximo ano do que com a queda brusca na popularidade do presidente Lula (PT). Enquanto o líder vive uma crise de imagem, talvez a pior de seu terceiro governo, Rui tem mantido uma agenda constante no Estado para consolidar sua candidatura na chapa governista em 2026. Nesta sexta-feira (14), por exemplo, enquanto o governo intensifica as negociações em torno do Orçamento, Rui vem à Bahia para participar de uma agenda em Itabuna ao lado de Jerônimo. Daqui a pouco vão começar a dizer que Rui vai largar a mão de Lula novamente, como fez na eleição de 2018, quando o cacique petista estava preso. Povo maldoso.
Omissão fatal
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) parece normalizar tanto a violência na Bahia que fechou os olhos para a nova onda de invasão de propriedades rurais no Extremo Sul do Estado. De acordo com fontes que acompanham o caso, são dezenas de áreas invadidas, o que tem produzido um clima de tensão e medo na região, em especial em Prado e no entorno. Produtores dizem que falsos indígenas provocam as invasões, incentivadas, segundo eles, por um certo deputado do PT. O caso é gravíssimo e a situação é considerada uma das mais preocupantes dos últimos anos.
Conflito fatal
Interlocutores da região contaram à coluna que há um risco de uma escalada de violência, com a possibilidade de evoluir para “um conflito fatal sem precedentes”. Há casos em que até mesmo casas já foram invadidas e outras situações em que produtores decidiram ficar recursos em suas residências por temerem casos de violência. Alguns vídeos e áudios de produtores e trabalhadores já viralizaram nas redes sociais no Extremo Sul. Enquanto isso, Jerônimo segue omisso.
Boquinha nervosa
O governador Jerônimo Rodrigues tentou, a todo custo, aprovar a criação de mais de 60 cargos especiais na Casa Civil. Tudo em regime de urgência, sem nem passar pela Comissão de Finanças da Assembleia, que, curiosamente, é presidida por um aliado seu. Nos corredores da AL-BA, ninguém tem dúvidas de que a abertura de novos espaços servirá para dar uma boquinha para aliados políticos que foram derrotados nas eleições de 2024 e para seduzir novos apoiadores com salário de brilhar os olhos.
Dilema
A cúpula petista deu de cara com uma situação para lá de inesperada envolvendo um prefeito que, segundo fontes governistas, decidiu deixar a oposição para integrar a base de Jerônimo. A desaprovação ao acordo foi confirmada por pesquisas, que apontaram a ainda elevada rejeição do governador no município, mesmo com um eventual apoio do prefeito. Um deputado governista que atua na região deu o diagnóstico: o eleitorado antipetista, que reelegeu o gestor no ano passado, segue rejeitando o governador e não se mostra disposto a mudar de posição. Agora, já tem gente no governo dizendo que a aliança talvez não seja tão proveitosa e defendendo que o movimento seja colocado em stand-by.
Topa?
O governador Jerônimo decidiu reeditar o Topa – Programa Todos pela Educação – da época do ex-governador Jaques Wagner, mas como novo nome de batismo: Bahia Alfabetizada. O antigo “Topa” prometia zerar o analfabetismo no Estado, mas 15 anos depois cá está a Bahia ostentando o título de líder nacional no número de analfabetos acima de 15 anos, conforme mostrou o Censo do IBGE. Esta semana, a base governista só conseguiu aprovar o Bahia Alfabetizada porque a oposição dispensou as formalidades regimentais e permitiu a matéria avançar, afinal não há como se opor a uma iniciativa de fomento à educação. Mas o líder da oposição, deputado Tiago Correia (PSDB), frisou que o governo petista está fazendo um repeteco de programas e que é preciso fazer uma reflexão sobre a qualidade do ensino.
Movimento Kamikaze
Lideranças do PDT da Bahia andam se queixando da postura de alguns integrantes do partido que pressionam para o retorno da legenda à base petista. Caciques da sigla dizem que estes integrantes – dois deles especialmente – fazem o movimento apenas por interesses próprios e não de olho no fortalecimento do partido. Líderes afirmam ainda que a postura tem “criado tumulto e dividido” o PDT no Estado, o que pode levar ao enfraquecimento da legenda.
Não repare a bagunça
O governo Lula 3 conseguiu a proeza de errar três vezes na mesma pauta. A novela da Via Bahia, que segue extorquindo os motoristas baianos nas rodovias federais, escancarou o caos administrativo do governo petista. Primeiro, prometeram encerrar a concessão abusiva da empresa, que há anos não cumpre suas obrigações contratuais. Depois, firmaram um compromisso indenizatório no Tribunal de Contas da União (TCU), mas, agora, descobriram que não têm dinheiro para bancá-lo. E, como se não bastasse, ainda não conseguiu desatar o nó econômico e político que fez o Planalto entrar em 2025 sem ter aprovado o orçamento no Congresso Nacional. Ou seja, sem planejamento, sem verba e sem solução. Enquanto isso, a Via Bahia segue lucrando alto – mais de R$ 1 milhão por dia nos com pedágios, segundo o próprio demonstrativo financeiro da empresa.
Procura-se
No centro dessa operação tabajara está o ministro da Casa Civil, Rui Costa, autor do anúncio triunfalista de que colocaria a Via Bahia para correr do estado até 31 de março. Pelo jeito, a promessa de Rui virou fumaça, já que o governo federal deu um calote e ainda não pagou a indenização combinada para finalmente expurgar a Via Crucis Bahia. Parece que o “Correria” da Bahia ainda está engatinhando em Brasília.
Pense num absurdo…
Não tem como não classificar como irresponsável e absurda a acusação do Ministério do Trabalho e Emprego do governo Lula sobre uma suposta exploração de trabalho análogo ao de escravo de ambulantes durante o Carnaval de Salvador. A ação vai de encontro a todas as medidas que qualificaram e deram mais dignidade a estes trabalhadores, garantindo inclusive condições para que aumentassem seus rendimentos durante a folia. Vai de encontro inclusive à atuação de um grupo de trabalho liderado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) que conta ainda com a participação de diversas outras instituições, como as Defensorias Públicas do Estado (DPE) e da União (DPU) e da prefeitura. Após a criação desse grupo, inclusive, muitos avanços ocorreram, como o credenciamento online para festas populares e as áreas para higiene durante o Carnaval. De forma quase unânime, a ação do ministério do governo federal foi considerada política.