Saiba como usar cada vez mais a internet no celular pagando menos

Operadoras investem em mais planos e promoções que aumentam acesso à internet móvel para clientes pré-pago e controle

Para Leonardo, as promoções são essenciais para economizar.
Para Leonardo, as promoções são essenciais para economizar. 
Rafaella Barros

O consumidor quer navegar cada vez mais na internet do celular, pagando menos. De preferência, com um chip só. Esta é a avaliação de especialistas do mercado de telefonia móvel diante da redução de 1,7 milhão de linhas de todas as operadoras em atividade no país, de maio a junho deste ano. O total equivale à diferença entre os pré-pagos cancelados no período — 2,1 milhões de aparelhos — e o modesto aumento do número de planos pós-pagos. Para não perderem mais clientes adeptos da modalidade pré-paga, as empresas têm investido em planos e promoções com franquia maior de internet e economia de até 50%, como o EXTRA mostra na tabela abaixo.

O militar Leonardo dos Santos, de 20 anos, tem três chips pré-pagos. Em breve, no entanto, seu objetivo é ter apenas uma única linha:

— Os três chips têm promoções, e não dá para ficar sem elas. Mas quero simplificar.

Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco — Inteligência em Telecomunicações, em junho, o número de cancelamentos de pré-pagos foi o maior desde 1999, quando a modalidade chegou ao país:

— A queda está associada a quem tinha mais de um chip, para falar mais barato, e está abandonando o segundo chip porque hoje há aplicativos de mensagens, como o WhatsApp. Você fala com todo mundo (por uma linha só). Sem contar a crise, que leva à redução de despesas. Na hora de reduzir os gastos, o consumidor corta o chip extra.

As respostas das empresas têm sido rápidas. Desde abril, TIM, Claro, Vivo e Oi lançaram seis pacotes ou promoções para planos pré-pago e controle, que chegam a dobrar a franquia de dados ou liberar o acesso às redes sociais.

Mudanças de estratégia

As empresas de telefonia reconhecem que o objetivo dos consumidores é reduzir o número de linhas e também os gastos com ligações.

— Esperamos que, ao longo do tempo, haja uma diminuição natural do número total de pré-pagos, mas um aumento da receita média por usuário. Nossa estratégia é focar na diferenciação de ofertas de dados, que cresce acelerada — explicou Rodrigo Abreu, presidente da TIM Brasil.

Segundo Gabriela Derenne, diretora regional da Claro para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, de maio de 2014 a maio passado, o tráfego de dados na rede da empresa cresceu 59%, o que a fez reformular as ofertas.

— Em junho, liberamos o acesso ao WhatsApp, ao Facebook e ao Twitter à vontade, dentro da franquia, para todos os planos.

O risco da migração

No mesmo período em que 2,1 milhões de linhas pré-pagas foram canceladas, de maio para junho deste ano, o número de celulares pós-pagos de todas as operadoras do país (incluindo Oi, Vivo, Claro, TIM e Nextel) cresceu em 462.615 linhas. O aumento se explica, em parte, pela migração da modalidade de recarga de créditos para a de fatura mensal, cujos planos oferecem maior franquia de dados. Na Vivo, por exemplo, no segundo trimestre deste ano, a base de linhas pós-pagas cresceu 13,1% em relação a igual período de 2014.

Em tempos de crise, Dane Avanzi, diretor do grupo Avanzi, ONG de defesa dos direitos do consumidor usuário de serviços de telecomunicações, chama a atenção para o risco de migração para quem não tem um orçamento que comporte despesas maiores com a telefonia móvel:

— Somente de janeiro a abril, segundo dados da Serasa Experian, houve um aumento de 39,5% na inadimplência nos serviços de telefonia. É um dado alarmante.

Em relação ao segmento pré-pago, o especialista diz que não adianta as operadoras investirem em promoções e planos com mais dados, se não tiverem qualidade:

— Com a queda de preço, infelizmente, está caindo a qualidade. Teria que haver amadurecimento de todas as partes, inclusive da Anatel, no sentido de criar um modelo em que as fiscalizações fossem mais efetivas. As empresas terão que se reposicionar muito rapidamente e readequar seus negócios, inclusive tecnicamente, para ter mais canais de dados nas torres (de sinal) do que de voz.

O usuário que estiver insatisfeito com o serviço de voz ou de dados pode registrar uma queixa na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pelo aplicativo Anatel Consumidor. Lançada recentemente, a ferramenta pode ser baixada gratuitamente em lojas de aplicativos, em celulares e tablets, com os sistemas Android, iOS (iPhone) e Windows Phone.

Na Nextel, crescimento e mudanças para se adequar à crise

Na contramão da queda do número de linhas ativas das quatro maiores operadoras do país, a base de clientes da Nextel cresceu 4,13%, de maio para junho. Embora seja modesto, o percentual representa 82.669 linhas a mais, em apenas um mês. Para Eduardo Tude, da Teleco, a base da Nextel só não caiu porque a empresa praticamente não atua no segmento de recarga de créditos.

— A queda foi praticamente toda no pré-pago — destaca.

Atenta ao cenário de inflação alta, o que colabora para o aumento da inadimplência, a Nextel lançou, em junho, os planos chamados de PMG, que oferecem pacotes de voz e dados com pequenas, médias e grandes franquias, o que também permite a redução de custos para os usuários.

— Boa parte das nossas vendas são para clientes que estão vindo da concorrência. A Nextel tem portabilidade também (de número). Isso ajuda — explica George Dolce, vice-presidente da operadora.

A instabilidade econômica do país também fez a Nextel tomar a decisão de, dentro dos planos PMG, permitir aos clientes aumentar ou diminuír as franquias de voz e dados, sem pagar multa.

— Acabamos com o conceito de que “você, cliente, está preso ao plano por 12 meses”. Você pode mudar sua franquia quando quiser, até no mês seguinte (ao da contratação), para baixo ou para cima. Então, se perder o emprego hoje e quiser reduzir (o pacote), damos a oportunidade — afirma George Dolce.

Segundo o executivo, a Nextel tem plano pré-pago, mas este não é o foco da empresa.

— Hoje, o Brasil tem 80% de pré-pagos e 20% de pós-pagos. Nos Estados Unidos, é o contrário. Caminhamos para essa tendência — diz.

Fonte: Extra

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