Sargentão do golpe, Paulinho da Força é acusado de receber R$ 1,6 milhão para evitar greves; será o ministro do Trabalho de Temer?
Dono da UTC diz que fez doação a Paulinho da Força para evitar greve
Deputado e seu partido, o Solidariedade, teriam recebido R$ 1,6 milhão
O dono da UTC, Ricardo Pessoa, um dos delatores da Operação Lava-Jato, disse que doou R$ 1,6 milhão para o deputado Paulinho da Força (SD-SP) e para o Partido Solidariedade, entre 2010 e 2015, com o objetivo de esvaziar movimentos sindicais e, inclusive, impedir greves.
O empresário disse que, certa vez, chegou a ligar para o deputado para pedir a interferência dele contra uma ameaça de greve de trabalhadores contratados para a construção da hidrelétrica São Manoel, no Rio Teles Pires, entre Mato Grosso e Pará. A obra está sob a responsabilidade da Constran, uma das empresas ligadas à UTC.
Paulinho, um dos principais aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou a pedir, no início dos trabalhos da CPI da Petrobras, a quebra do sigilo telefônico do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chefe das investigações da Lava-Jato.
O deputado atua para impedir que o Conselho de Ética da Câmara abra processo contra Cunha, acusado de mentir, receber suborno de empresa envolvida em fraude na Petrobras e manter contas não declaradas no exterior.
Pessoa disse que deu R$ 500 mil para Paulinho em 2012, R$ 100 mil em 2010 e ano passado repassou R$ 1 milhão para o Solidariedade, partido controlado pelo deputado. As relações suspeitas entre os dois já eram conhecidas, mas com o fim do sigilo da delação de Pessoa, torna-se possível saber detalhes das transações entre o empresário e políticos, entre eles Paulinho.
Depois de descrever as doações, Pessoa explicou por que decidiu financiar o deputado: “Que, em razão dessas doações a Paulinho, o declarante tinha a liberdade para poder pedir a ele, a qualquer momento, que intercedesse em movimentos sindicais liderados por ele que estivessem ou pudessem vir a causar problemas em seus negócios”, disse.
Pessoa até citou um caso específico em que recorreu aos serviços do deputado: “Que inclusive fez uma ligação a Paulinho quando sentiu que poderia ter problemas na obra da hidrelétrica de São Manoel quando se aproximava a época do dissídio coletivo”, afirmou. “Que, Paulinho disse que entraria no circuito para ver o que estava acontecendo”, acrescentou. Procurado pelo GLOBO, o deputado não retornou as ligações.