“Se Haddad insistir com a agenda neoliberal, vai rachar o PT”, diz Fernando Horta

Analista citou em entrevista os riscos de uma revisão dos pisos constitucionais para a saúde e a educação

Fernando Horta e Fernando Haddad
Fernando Horta e Fernando Haddad (Foto: Brasil247 | REUTERS/Ueslei Marcelino)

O historiador e analista político Fernando Horta fez duras críticas, em entrevista à TV 247, à possível adoção de uma agenda de revisão de gastos pelo Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad. Ele traçou paralelos entre o crescimento da extrema-direita na Europa e a situação política brasileira, e defendeu que o governo Lula crie uma clara genda antineoliberal.

“A Europa está sendo disputada pela direita neoliberal e pela direita fascista”, afirmou Horta, observando que esses movimentos têm conseguido se apropriar de conceitos e discursos tradicionalmente associados à transformação social. “Os fascistas tomaram a palavra revolução para si. São eles que têm o discurso da transformação. A esquerda ficou com o discurso da conservação”, acrescentou.

O centro da análise de Horta foi a recente proposta do Ministério da Fazenda de modificar as regras orçamentárias para os setores de saúde e educação, alinhando o aumento dessas despesas ao limite de crescimento real do conjunto dos gastos federais, fixado em até 2,5% ao ano. Essa medida inclui a possibilidade de mudanças nas regras para benefícios previdenciários específicos, que seriam ajustados para não seguir o salário mínimo. As mudanças têm o objetivo de evitar o colapso do novo arcabouço fiscal.

“Se Haddad insistir com a agenda neoliberal, ele vai rachar o PT”, alertou Horta. Ele demonstrou grande preocupação com a possibilidade de abolir os limites constitucionais previstos para Saúde e Educação. “Espero que ele repense a proposta de abolir os limites constitucionais previstos para Saúde e Educação. Se fizer isso, será trágico para o país”.

Horta também expressou ceticismo em relação à direção geral do governo Lula. “A meu ver, o governo Lula vai aprofundar a política de conciliação e o que vem pela frente é um governo de centro-direita. Isso coloca em risco as eleições de 2026, porque uma parte significativa do eleitorado de esquerda perde o entusiasmo”.

Ele destacou a importância da mobilização da militância petista como um dos pilares da força do partido, e pediu uma atuação mais ativa. “A grande força do PT sempre foi a capacidade de mobilização de sua militância. Sem ela, o PT se apequena muito e o presidente Lula corre risco.”

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