“Se me preocupar não faço mais nada”
Michel Temer, cumprimentando o deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), em festa em Brasília
Folha de S.Paulo – Marina Dias e Fábio Victor
Cercado por políticos e auxiliares, o presidente Michel Temer chegou sorridente ao Piantella, um dos mais tradicionais restaurantes de Brasília, na noite desta terça-feira (7).
À Folha disse não se preocupar com a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deve pedir, nos próximos dias, a abertura de inquérito para investigar ministros e aliados de seu governo.
“Se eu for me preocupar com isso, não faço mais nada. Não estou preocupado. Cada Poder cuida de uma coisa”, afirmou o presidente.
Exatos 24 minutos e apenas um copo de água depois, Temer já estava postado do lado de fora do Piantella, na Asa Sul da capital federal, à espera do comboio que o levaria de volta ao Palácio do Jaburu. Ali, disse a jornalistas que também não perdia o sono com o julgamento da ação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pode resultar na cassação de seu mandato.
“Espero que seja julgada”, limitou-se a dizer. Questionado se preferia que o processo que apura o suposto abuso de poder econômico da chapa presidencial composta por ele e Dilma Rousseff em 2014, continuou lacônico. “Para mim tanto faz.”
Sobre o ministro relator do processo no tribunal, Herman Benjamin, Temer afirmou que o magistrado está “cumprindo o papel dele”. O peemedebista evitou tecer qualquer comentário sobre a maneira que o ministro tem conduzido o caso.
“Meu objetivo é levantar o país. A economia está indo numa onda excepcional, crescendo substancialmente. Meu único objetivo é colocar o país nos trilhos”, afirmou o presidente, ressaltando que as coisas estão “melhores do que esperava”.
Segundo Temer, “problema sempre houve e sempre haverá”. “O que você quer que a oposição faça? Me aplauda?”, disse a jornalistas quando questionado sobre o papel dos partidos contrários a seu governo, que creditam a ele a queda de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruno) no ano passado.
Dentro do Piantella, porém, onde o jornalista e blogueiro do “O Globo”, Ricardo Noblat, comemorou 50 anos de profissão, o presidente não adotou o tom combativo e chegou a brincar com o deputado do PSOL, Chico Alencar (RJ), que estava sentado em uma das mesas.
Quando outro parlamentar disse que Temer ficaria “40 anos no poder”, o presidente respondeu que “se for com o aplauso de Chico, tudo bem”.
Ouviu do deputado de oposição, descontraído, que “a esquerda gosta de um certo continuísmo”. Todos riram.